Viver no Interior pode ser pretexto para um ensaio, limitamo-nos a escrever um prefácio, sem esconder a sua condição.
Sentimos o preconceito dos que tendem a olhar para quem vive no Interior, com uma certa condescendência, como os “provincianos”.
Estranhamente, esta distorção acaba por se impor e moldar a nossa própria atitude. Não sofremos de fatalismo ou incapacidade crónica, seja em que domínio for. A nossa unidade em torno de interesses comuns será sempre um princípio de conversa. É por aqui.
O referido programa diz mais: «O envelhecimento da estrutura etária da população está a criar pressões imediatas sobre a necessidade de diferentes níveis (saúde e no apoio social), o que significa que está a registar-se um aumento de uma procura diferenciada de prestação de serviços.» (…) «A atual tendência para a descentralização e desconcentração de competências pode constituir uma oportunidade para remodelar a oferta de alguns serviços públicos e criar emprego qualificado nos territórios do interior.»
Os gráficos e tabelas são postos como se fossem retratos de família que temos que venerar, mas que traduzem uma realidade a que urge pôr cobro.
Há um défice de conhecimento e inovação que radica numa visão distorcida do Interior. O combate é desigual.
A culpa também mora dentro de nós, reivindicamos novos equipamentos e infraestruturas evoluídas só porque existem em regiões vizinhas.
Temos que mudar de atitude, tornando-nos visíveis, reivindicativos e insistentes até que nos ouçam nos vários domínios da atividade social, económica e cultural.
(Foto DR)