Ser Profissional, Ser Cidadão?
De pouco nos vale sermos profissionais, não importa em que área, se não formos pessoas ativas, intervenientes.
Ser Profissional, Ser Cidadão?
Sem dúvida “Ser Cidadão” para ser “bom Profissional.”
A minha mensagem de natal para quem tem profissão o resto do ano
A cidadania é algo que a sociedade nos confere para a ajudarmos a evoluir.
Não podemos nem devemos desmarcarmo-nos do importante papel de ser cidadão em prol de sermos indivíduos com uma profissão. Antes de sermos profissionais de algo, somos cidadãos de tudo.
Se pensarmos e agirmos só em proveito da profissão corremos o risco de nos reduzirmos ao ponto de esquecer o quanto é importante exercer o nosso direito e dever de cidadania. A profissão existe e contribui para a construção da sociedade; muito cedo a nossa estrutura como “pessoa humana” foi influenciada pela organização social, dando-nos instrumentos importantes para sermos profissionais de algo; bons ou maus. A profissão aprende-se na escola, é-nos conferida porque cumprimos um plano curricular académico-científico. A cidadania aprende-se com a vida nas várias sociedades com que nos deparamos desde a nascença à pessoa adulta. Não nascemos profissionais, mas nascemos cidadãos.
De pouco nos vale sermos profissionais, não importa em que área, se não formos pessoas ativas, intervenientes, de forma a utilizar o legado dessa profissão na sociedade em que vivemos. É assim que eu entendo o “Ser Cidadão”.
Saber-se se se é bom ou mau profissional não é de todo difícil, pois o quadro de referência utilizado para a sua avaliação por norma encontra-se bem definido. Ser bom ou mau Cidadão carece não só desse quadro de referência, mas depende da avaliação entre pares, e sobretudo de itens mais abrangentes: os valores ideológicos, morais, legais, emocionais do indivíduo e o valor social.
Bem sabemos que o que hoje se preconiza é trabalhar para produzir muito em vez de trabalhar para produzir muito, com satisfação e resultados de qualidade. Quer-se empresas com elevados lucros e cidadãos com vidas desafogadas economicamente. O trabalhador deixou de ser Cidadão, sobretudo porque se endividou, não só do ponto de vista económico, mas sobretudo do ponto de vista emocional. Para as empresas esta situação do trabalhador endividado é-lhe favorável a curto prazo. A longo prazo logo veremos.
A meu ver, enganam-se as instituições que agem em prol da imposição “é da situação atual, o sistema assim o exige” para conseguirem bons resultados e estão enganados também os trabalhadores que pensam “não vale a pena porque eles têm nos na mão”
Não acredito muito no sistema mas sim no Homem grisalho que virá cortar a corrente instituída neste tempo em que a globalização, que deveria ser aquela para que todos contribuímos, é a que surgiu cirurgicamente devido ao contributo do grande capital.
Como se diz por aí “o capital não tem rosto” e não tendo rosto não é cidadão. Não sendo cidadão não nos apercebemos da sua poderosa existência levando a que cada vez mais este tenha um poder ditatorial.
Dai haver necessidade dos já poucos cidadãos, como o Manel da Quinta, o Paulo Carteiro, o Zé Moleiro, o António das Águas, pronto também o Artur Presidente da junta da Freguesia de Trás das Costas não corrompidos pelo sistema, exijam que lhes seja conferido esse cargo mui nobre, o de ser Cidadão.