A OMS, numa declaração dúbia, aventa a hipótese de não haver segunda vaga, podendo o vírus desaparecer.
Lamentavelmente esta não é uma mensagem unívoca e presta-se a trazer piores resultados que se estivessem calados.
Não é caso virgem, pois já muitos médicos falavam de pandemia e a OMS continuava a não a assumir.
São estes erros de comunicação que dão espaço aos Trumps deste mundo.
Mas uma coisa é certa, a vaga que se aproxima é económica e social.
Neste primeiro embate foram tomadas medidas que amenizaram as dramáticas consequências do confinamento.
Ajuda familiar a um dos pais de crianças com menos de 12 anos, lay off simplificado, apoios a trabalhadores independentes, a gerentes, medidas extraordinárias de financiamento, dilação de cumprimento de obrigações financeiras, etc.
Ainda assim tivemos e temos situações de extrema carência, de fome e de verdadeiro desespero.
Muita gente, apesar de toda a pressão para impedir despedimentos, acabou por se ver sem trabalho e sem rendimento. Outros viram os seus réditos tão diminuídos que perderam qualquer possibilidade de satisfazerem os seus compromissos e/ou garantir a satisfação das suas necessidades.
O confinamento foi tão rápido que quando demos por nós já a vida que tínhamos estava virada do avesso.
Escolas e serviços fechados, estabelecimentos e empresas encerradas por imposição ou por absoluta impossibilidade de funcionamento.
Creio que poucas pessoas acreditaram que as medidas sanitárias tomadas tivessem o grau de adesão que tiveram. Mas creio que também muitos não querem acreditar que as sequelas económicas e sociais não vão deixar de existir com a rapidez com que se instalaram.
Muitas das medidas de emergência tomadas vão perder validade e outras que as substituam é expectável não terem o mesmo efeito.
E esse efeito é que será a segunda vaga.
A alteração de hábitos e os receios ententretanto instalados vão tornar inviáveis muitas empresas.
A capacidade de adaptação e alteração do objeto é finito e, diria mesmo, muito limitado. A apregoada reinvenção não tem aplicação significativa.
Tudo isto implica e conduz a muitas falências e a muito desemprego.
Com esta realidade a pobreza e até a pobreza extrema vão aparecer e exigir respostas eficazes.
O plano que o Governo está a preparar não pode esquecer estas respostas.
É nos mais necessitados e na garantia de mínimos de subsistência que o foco deverá estar centrado.