Que livro vai ler?!

Portugal é um país onde se lê pouco e em que o hábito de ler deve ser estimulado na infância, para que se aprenda desde pequeno que ler é algo importante e prazeroso. A criança tornar‑se‑á assim um adulto culto, dinâmico e perspicaz. Não se pode deixar de dar razão a António Lobo Antunes, que referiu em 2003: «A cultura assusta muito. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.»

  • 19:03 | Sábado, 23 de Abril de 2022
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O Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de abril, data escolhida com base na tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas uma rosa vermelha de S. Jorge, e recebem em troca um livro, testemunho das aventuras do heroico cavaleiro.

É, ainda, um dia importante para a literatura mundial – foi a 23 de abril que faleceu Miguel de Cervantes, que nasceu Vladimir Nabokov e que é também recordado o dia em que nasceu e morreu o famoso escritor inglês William Shakespeare. É, também por isso, o dia ideal para ler e/ou partilhar um livro com outras pessoas e para conhecer novos livros pelos quais se pode apaixonar.

Encontrar o livro certo, no momento certo, para a pessoa certa, é um feito inesquecível que fica para toda a vida. É o mais importante da leitura. Mesmo no mundo de hoje, informatizado, invadido por imagens, a leitura é insubstituível e os outros suportes apenas a podem completar.


O prazer de ler um livro que nos motiva, que nos «agarra», perdurará no tempo. O livro que o consegue ficará sempre como um dos livros da nossa vida. São poucos os objetos que transportamos ao longo da vida. Os livros acompanhar‑nos‑ão sempre. Esta data comemorativa tem como objetivo proporcionar reflexão sobre a importância da leitura, assim como o prazer extraído dessa atividade. A data tem maior foco nos jovens, pois eles são muito mais atraídos pela tecnologia presente em aparelhos eletrónicos e esquecem as antigas e essenciais fontes de conhecimentos, nesse caso os livros.

Portugal é um país onde se lê pouco e em que o hábito de ler deve ser estimulado na infância, para que se aprenda desde pequeno que ler é algo importante e prazeroso. A criança tornar‑se‑á assim um adulto culto, dinâmico e perspicaz. Não se pode deixar de dar razão a António Lobo Antunes, que referiu em 2003: «A cultura assusta muito. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.»

A leitura é crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que podemos obter conhecimento, dinamizar o raciocínio, enriquecer o vocabulário e estimular a interpretação. Não ter paciência para ler um livro acontece por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito as pessoas saberiam apreciar um bom livro, uma boa história.

No mundo atual, ler tem a função primordial de despertar e proporcionar conhecimentos básicos que venham contribuir para a construção integral da vida em sociedade e para o exercício da cidadania.

Em A insustentável leveza do ser, Milan Kundera escreveu: «gostava de passear na rua com livros debaixo do braço. Eram para ela o que a elegante bengala era para um dândi do século passado. Eles a distinguiam das outras». De facto, ao longo da história da humanidade, o hábito de ler representa um sinal de distinção, de dignidade e de saber.

A leitura, para a minha geração, começou na banda desenhada (para termos acesso a uma maior quantidade de livros e como não tínhamos dinheiro para os comprar, íamos trocá-los a quiosques) e pelos clássicos infantojuvenis como As aventuras dos sete, O principezinho, O meu pé de laranja‑lima, 1001 léguas submarinas e diversas coletâneas de histórias de desporto

É na adolescência – uma extraordinária etapa na vida de todas as pessoas – que ocorre a descoberta da identidade e a definição da personalidade. É neste contexto que os livros que lemos são um importante meio de transmissão de cultura e informação. Na realidade, são mesmo um elemento fundamental nesse processo. Recordo, entre muitas outras leituras, Os filhos da droga de Christiane F., Capitães de Areia de Jorge Amado, 1984 de George Orwell, O nome da Rosa de Umberto Eco, O Diário de Anne Frank de Anne Frank e A insustentável leveza do ser de Milan Kundera.

E este ano, que livro é imperdível de ler? Sugiro Uma vida entre marés, do viseense José Rodrigues. Este é o quinto livro do autor, que nele nos conta o romance de Sofia e Edgar, com a praia e o mar em pano de fundo e a filha de ambos, como acontece em muitos casais separados, a ser um elo inquebrável da relação. Mais uma combinação perfeita entre o literário e o fotográfico da autoria da Sara Augusto.  Vá à livraria da sua zona ou encomende online e adquira o livro para si e para quem lhe é mais querido.

Boas leituras.

Vítor Santos

Autor do livro Educar o sonho

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