Provar a sicuta…

Dizem ser a nova ordem mundial, mas pelos vistos, além da desordem, da violência, das lutas, da guerra, da repressão, o tal “rosto” desta autocracia emergente, caída a máscara que os levou ao poder, de pouco precisa para mostrar as aduncas garras e as suas reais intenções.

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  • 9:28 | Terça-feira, 28 de Março de 2023
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Benjamin Netanyahu, o primeiro ministro israelita eleito pelo LIKUD da direita ultra conservadora, que muitos dizem ser um serviçal de Washington, tem o país a ferro e fogo.

Quis ser mais papista que o Papa e apresentou uma lei de reforma judicial, à medida, que põe em causa a separação dos poderes e do Estado de direito.

O povo não gostou, a  contestação subiu de tom e, desde a demissão do ministro da Defesa, crítico da reforma, ao fecho de embaixadas israelitas discordantes como a de Lisboa, e à posição de oficiais militares que se recusam a apresentar ao serviço por oposição a esta lei que, segundo eles, põe em causa os mais elementares princípios democráticos. Com a “rua” em tumultos, Netanyahu, acossado e para evitar uma possível guerra fratricida, recua sem eliminar a sujidade que fez, ao deixar vir ao de cima o verdadeiro rosto da sua essência política.


Também em França, a luta desceu à rua por causa da polémica lei da reforma proposta por Emmanuel Macron, o presidente da República oriundo do partido socialista francês que virou liberal convicto, fundando um partido feito à sua medida, o “En Marche, que conjuga o liberalismo social e económico e através do qual conseguiu ser eleito para dois mandatos presidenciais, com a ajuda, na 2ª volta, da esquerda francesa, para evitar a vitória da extrema-direita representada por Marine Le Pen.

 

Macron, a pretexto da sustentabilidade do sistema das reformas, veio provar, inequivocamente, ao lado de quem está, dos patrões e do grande capital.

Netanyahu e Macron são dois exemplos de líderes de costas voltadas para o país e para quem os elegeu. Macron aposta tudo pois já nada tem a perder, no seu derradeiro mandato, o líder israelita, com esta reforma judicial, visava uma situação futura “cómoda” e um eventual passaporte para se perpetuar no poder, alterando a lei de limitação de mandatos.

Por vezes, paradoxalmente ou não, é bom que o povo beba a sicuta da taça que ajudou a encher e que sinta na pele os efeitos das políticas em que votou e dos políticos que sufragou. Vimos isso com Boris Johnson, com Donald Trump, com Jair Bolsonaro, com Vladimir Putin, et al…

Dizem ser a nova ordem mundial, mas pelos vistos, além da desordem, da violência, das lutas, da guerra, da repressão, o tal “rosto” desta autocracia emergente, caída a máscara que os levou ao poder, de pouco precisa para mostrar as aduncas garras e as suas reais intenções.

 

(Fotos DR)

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Publicado em Opinião