Depois da experiência da eleição para a Presidência da República no pico da pandemia que correu em termos francamente positivos, é com alguma estupefação que vejo a proposta/opinião do Ministro Eduardo Cabrita de se realizarem as eleições Autárquicas em dois fins-de-semana.
Felizmente, vários partidos já se mostraram contra e propuseram que, melhor do que em dois fins-de-semana diferentes, se pensasse no mesmo fim-de-semana, mas em dois dias consecutivos.
Contudo, a meu ver, não há qualquer necessidade de tal acontecer, nem numa forma nem na outra.
Não será mais fácil e mais profícuo simplesmente duplicar mesas de voto e prolongar o período de votação?
Evitam-se problemas e dúvidas que já foram suscitadas, dando, ao mesmo tempo, instrumentos para que a população se sinta segura na hora de cumprir o dever cívico e celebrar a democracia.
É verdade que haverá, com certeza, uma maior participação nestas eleições. Por norma, estas são as eleições com menor abstenção que rondou, em 2017, os 45% e 47% em 2013.
As eleições Presidenciais deste ano tiveram menos 500 mil votantes que as anteriores, o que se justifica pela pandemia mas, talvez com maior relevância, com o facto de ser uma reeleição mais do que previsível.
Será que esse acrescento justifica dois dias de eleição? Ou justifica medidas concretas para que haja uma votação segura tanto para os eleitores como para a própria eleição?
Não terá menos custos e melhores resultados ter uma presença mais musculada de mesas de voto e escrutinadores do que ter eleições em dias diferentes?
A mim parece-me lógico e racional, ao contrário da posição do sr Ministro.
Já quanto ao adiamento proposto por parte do PSD, creio que todos já percebemos que o seu alcance e motivação nada tem a ver com a pandemia. Tem tudo a ver com ganhar na secretaria 60 dias para melhor escolher e preparar candidatos.
Aliás, a experiência das eleições Presidenciais também serve para dizer que foi um erro do Presidente da República marcar para o último dia possível estas eleições.
Não caiamos no mesmo erro, temos de aprender.