Agora que sabemos que vai ser tomada, no dia 20 de novembro, a decisão sobre a futura localização da Agência Europeia do Medicamento (EMA), também ficamos a saber que o Porto não faz parte da lista de cidades favoritas e que muito provavelmente a cidade ‘invicta’ está fora da corrida.
Esta deve ser mais uma daquelas situações que nos deve fazer meditar, atendendo a toda a polémica que envolveu a escolha da cidade do Porto para destino da EMA.
Depois de o Governo ter avaliado como candidatura mais forte a capital, acabou por abdicar e por indicar o Porto numa clara cedência ao ruído mediático e aos interesses políticos populistas do momento. Assim se sacrificou uma avaliação realista, robusta e objetiva da capacidade e da qualidade da cidade melhor preparada para vencer o desígnio. Não se resistiu à tentação demagógica, impondo-se o critério político, subjetivo e caprichoso à apreciação estritamente técnica e à avaliação das propostas segundo os seis critérios apresentados, conhecidos e definidos pela Comissão Europeia.
Sou um defensor da regionalização e um adepto da descentralização, porém não um regionalista fundamentalista, exacerbado, pacóvio e provinciano, ao ponto de sacrificar os interesses nacionais a pequenos nadas ou a derrotas morais sem sentido e autofágicas.
Esteve mal, na gestão deste dossier, o Governo. Estiveram mal, na gestão deste dossier, o autarca, as entidades e as figuras de relevo do Porto.
Se o objetivo era ganhar mais uma instituição de prestígio para o país, ter-se-ia de tomar uma decisão estratégica, ponderada e cuidadosa, de modo a fortalecer a imagem e o prestígio de Portugal, evitando uma perceção europeia débil e frágil.