A um mês das eleições para o Parlamento Europeu, o país aparenta estar longe de nelas ponderar, as notícias sobre candidatos e campanha nem sequer passam para as primeiras páginas dos jornais. Parecem estar reunidas todas as condições para que possamos ter a mais alta taxa de abstenção de que há memória e isso não ajudará muito à nossa credibilidade externa.
As eleições de março poderiam ter permitido uma outra dinâmica, mas para isso era preciso que o Governo tivesse antecipado ao que vinha, conseguisse surpreender com umas tantas propostas e ideias. Não aconteceu. Só o Partido Socialista evidencia uma agenda política que, no Parlamento, já outorgou duas derrotas à Aliança Democrática.
Mas quais são os sinais/razões que indicam que o PS poderá ser o vencedor das eleições de 9 de junho? Indicamos cinco que nos parecem as mais relevantes.
2. O PS e a sua família europeia têm uma agenda clara, a única que não cede às tentações de afirmar os mercados sobre as pessoas, que não facilita nos direitos e liberdades a troco de escoamento de produtos. Os socialistas são a família política que tem uma agenda social que integra políticas demográficas ambiciosas, que antecipa regimes de desemprego e proteção integrados, que suporta uma política migratória de rosto humano, que garante uma globalização sem dumping social, que afirma uma visão ambiental influenciadora dos diversos continentes, que assume uma Europa dos povos sem tutelas ou amarras.
3. A lista construída pelo PS, e que se apresenta a estas eleições, não facilita no fogacho mediático espúrio, assume em cada candidato vidas políticas e profissionais comprovadas, com uma preocupação que liga saúde, a agricultura e ambiente; que une liberdades, minorias e migrações; que incorpora multilateralismo e universalismo na perspetiva das relações internacionais; que constrói um continente apostado em se rejuvenescer, em trabalhar na inovação, na ciência e na tecnologia; que confirma os territórios insulares como elementos centrais da política dos oceanos, do espaço e da investigação; que olha os poderes locais como motor do desenvolvimento e afirmação de cada território nas suas especificidades.
4. O PS apresenta-se, ainda, com uma ideia subliminar – ganhando em Portugal ajudará a que o nosso país se possa sentar na mesa das negociações para os relevantes cargos europeus. Não haverá um só português que, no dia de colocar o seu voto na urna, se não lembre de que António Costa poderá ser mais um dos grandes portugueses a assumir um cargo europeu de alta responsabilidade. A sua vida política e a sua competência são o bastante para que isso se verifique.
Talvez só falte consagrar esta matriz na mensagem, mas é para isso o PS sempre teve engenho e arte.
Ascenso Simões