Aguardava-se com enorme expectativa a ida de Lucília Gago, a ainda PGR, à Assembleia da República para prestar esclarecimentos em Comissão Parlamentar.
Se os portugueses esperavam ver dilucidadas imensas dúvidas relacionadas com o consulado desta procuradora e com a acção do MP, ficaram desiludidos, por dois motivos:
1º A forma como as inúmeras questões foram em “rajada” sucessiva e ininterruptamente” colocadas abriu escapatória a que a PGR, no curto tempo que lhe foi dado para responder (15 minutos quando considerou “precisar de 15 horas”) selecionasse cirurgicamente aquelas às quais queria redarguir e, mesmo assim, nalgumas divagando para obviar à clarificação cabal das indagações;
2º Para não variar da sua esfíngica postura, a PGR “deu baile” aos deputados da Nação, que ficaram a “ver navios” quanto às explicações que queriam ouvir, partindo com as mesmas dúvidas com as quais, de manhã cedo, ao parlamento haviam chegado.
Prestou-se um inútil serviço ao país. Desperdiçando a oportunidade, esta Comissão Parlamentar mais não serviu senão para todos brilharem sob os focos mediáticos da CS.
Mas, sejamos justos, pelas explicações às quais a PGR se esquivou, podemos entrever por inversão a relevância dos assuntos não esclarecidos.
Todos aqueles que perderam o seu tempo para ouvir respostas inequívocas às suas dúvidas e às dos portugueses, feitas eco pela voz dos senhores deputados, ficaram a salivar e com água na boca.
Ademais, esta “imperícia” em prestar legítima informação e proceder à natural justificação de um pleno de dúvidas, apenas aumentou a descrença em certos órgãos da Justiça, pilar fundamental num Estado de direito democrático.
Lucília Gago, alvo de tantas críticas nos últimos tempos, também não quis aproveitar a soberana oportunidade para lhes pôr termo, mais as dimensionando e mais parecendo, na maior parte da sua intervenção, um membro de um qualquer sindicato judicial, em defesa de si própria, da instituição e dos seus diletos discípulos.
Como se não bastasse e para rematar, no tocante às mediáticas fugas ao segredo de Justiça, acrescentou que muitas das vezes elas servem os arguidos (?), deixando em claro, o concernente a investigações internas para apuramento das responsabilidades e suas legais consequências, uma vez que de crime se trata.