Pé ante pé, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da República, aproxima-se dos seus plenos objectivos.
Nunca ninguém ignorou as origens ideológicas de Marcelo, as mesmas que ele pareceu renegar para obter o apoio do PS para a sua segunda candidatura a Belém.
Um pouco de história: Marcelo doutorou-se em Ciências Jurídico Políticas e tornou-se professor catedrático. Um reputado constitucionalista. Foi jornalista, ligado ao Expresso de Francisco Pinto Balsemão e ao Semanário, com Proença de Carvalho e José Miguel Júdice, entre outros. Passou pela TSF, pela TVI, pela RTP. Meios de comunicação social que o catapultaram e fizeram escola para projectar muitos dos actuais políticos da nossa praça, Ventura incluído.
Marcelo aderiu ao PPD em 1974. Foi deputado em 1975. Com Pinto Balsemão, em 1981, tornou-se secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros para, no ano seguinte, tomar posse como ministro dos Assuntos Parlamentares.
Em 1983, dentro do PSD, forma a Ala Nova Esperança, com Durão Barroso, Júdice e Santana Lopes, em oposição ao Bloco Central. Foi presidente do Partido, de 1996 a 1999. Foi eleito deputado ao Parlamento Europeu e vice-presidente do partido Popular Europeu, de 1997 a 1999.
Neste seu último mandato, Marcelo que já não irá a votos e perante a “Operação Influencer”, aceitou a demissão do primeiro-ministro António Costa e decretou a dissolução da Assembleia da República, onde pontificava o governo maioritário socialista, marcando eleições para 10 de Março deste ano.
Por mais que Marcelo tente apoiar o líder social-democrata Luís Montenegro, a inaptidão deste e por seu pessoal demérito, não se antevê para já uma solução viável do centro-direita para governar o país. Criada a nova Aliança Democrática, que estendeu o dedo mindinho de uma mão ao CDS-PP e uma jangada rôta ao PPM, ainda assim, as previsões não lhe dão a maioria absoluta para governar. Por trás das costas, estende um côto de mão à IL, por ambos os partidos aparentemente refutada… para já.
Marcelo vê-se perante um país que pode tornar-se ingovernável, muito por sua culpa e pelos cálculos errados que congeminou.
Se o PS agora rejeita nova “geringonça” com o BE, o PCP e o Livre – de fora o PAN, no seu oportunismo pendular, na Madeira comprovado – decerto que no dia 11 de Março, perante os resultados eventualmente menos favoráveis, sem maioria absoluta, hoje uma miragem, não descartará essa nova aliança para enfrentar a nova AD. Ademais, esta ideia não sendo adversa ao novo secretário-geral, Pedro Nuno Santos.
Andou, pois, Marcelo Rebelo de Sousa, todos estes anos a construir o seu cenário, coadjuvado pelos imprevistos trunfos que António Costa lhe pôs nas mãos e ainda assim, sujeito a que as contas lhe saiam furadas…