O povo tem sempre razão e essa razão, mais das vezes, certifica-a na sua sabedoria popular em aforismos diversos e de ancha latitude.
“Zangam-se as comadres, dizem-se as verdades”. E assim foi com Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, eles que foram as cabeças do XIX Governo Constitucional, de 2011 a 2015, como primeiro ministro e vice-primeiro ministro, respectivamente.
Mas foi mais longe e ainda bem para dissipar dúvidas a quem as ainda tivesse, disparou certeiro: “Passos Coelho achava que a troika era um bem virtuoso, eu achava um mal necessário” e acrescentou “Não raramente Passos dizia que queria ir além da troika, eu sempre fui reticente quanto a essa expressão”, e aqui convém lembrar aquilo que foi feito com o TSU para os idosos:
“A medida vinha como obrigatória para o acesso ao financiamento, depois passou a opcional. Eu achava que a medida era uma penalização dupla que ia criar a ideia aos idosos que estavam a ser escolhidos como alvos. O tempo deu-me razão. A medida deixou de ser obrigatória, portanto devia ser exagerada”.
Pelos vistos, Passos Coelho, numa estranha bipolaridade (ou não) cada vez mais próximo de ideais de extrema direita – a aproximação ao Chega não acontece por acaso – aparece para bolsar algum do talvez muito fel ingurgitado. Talvez por isso, ataca também Luís Montenegro, a quem acusa de se “querer desligar da sua herança”, de se querer “desconectar”, rematando “se Montenegro é primeiro-ministro, só o é porque foi seu líder parlamentar.”
Enfim, tanto e tal ressabiamento pode ser justo ou não. Inoportuno, é-o de certeza. E sem censuras – aquelas de que a extrema-direita tanto gosta – apetece citar o deposto rei de Espanha, Juan Carlos I ao presidente venezuelano Hugo Chávez “Por qué no te callas?”.
Mas não, devemos todos pugnar por que Passos Coelho continue a extravasar suas “sofridas mágoas” … é que assim, aos poucos, vamos obtendo mais informação, de fonte fidedigna, daqueles famigerados quatro anos de 2011 a 2015…