Ao ler o título do Expresso, relativo à entrevista da Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, tive duas sensações:
Uma de que a Senhora tinha coragem em fazer a afirmação de que não tinha como prioridade procurar culpados, antes de procurar melhorar as respostas.
Outra que as “aves” do costume iriam fazer de tudo para a culpar… … da falta de culpados.
Para esta não foi preciso esperar muito.
Tenho pena que não tenham discernimento que vá além de uma mesquinha e oportunista sanha persecutória.
Claro que se há infrações, seja qual for a sua natureza, devem ser apuradas e punidas.
Mas louvo a Ministra por ser capaz de olhar para além do imediato, do mais popular e ser capaz de ter uma visão abrangente das questões relativas aos surtos de covid 19 nos lares de idosos.
Quem, no mundo, estava preparado para enfrentar esta pandemia?
Qual deve ser a prioridade, olhar para trás ou melhorar as respostas para se ser mais eficaz no futuro?
Para procurar culpados há muito por onde o fazer.
Deixo algumas perguntas cujas respostas podem ajudar a encontrá-los.
Quem em necessidade de encontrar quem e onde tratem do seu familiar idoso:
Se preocupou em ver as instalações?
Perguntou ao familiar se ali se sentiria bem?
Perguntou das garantias de que a assistência médica e medicamentosa estava salvaguardada?
Consultou a validade das autorizações de funcionamento do estabelecimento?
Leu o contrato de admissão e o regulamento de funcionamento?
Quem é que pôs a maioria da população a viver em casas que não têm capacidade para ali também viverem os familiares que deixam de poder viver autonomamente?
Quantos contratam com estruturas ilegais o acolhimento de idosos?
Porque não foram construídas estruturas que respondessem ao exigido pela pandemia?
Porque não se ofereceram ou oferecem todos estes “totalistas de 2• feira” para serem (gratuitamente) dirigentes das IPSS?
Porque não havia recursos humanos nos lares que se adequassem ao que a pandemia exigia?
Porque não têm as IPSS recursos infinitos que lhes permita uma ação sem constrangimentos?
Porque não foi pedido, em janeiro, que as Ministras da Saúde e do Trabalho e Solidariedade Social fossem ouvidas na Assembleia da República para aquilatar da capacitação do país na resposta à pandemia que aí vinha?
Podia continuar a fazer perguntas, mas termino contando uma situação vivida há mais de vinte anos.
Tendo, no exercício de funções que então exercia, promovido o encerramento de uma estrutura que acolhia idosos não tivemos uma única família que, ainda que transitoriamente, recebesse o seu familiar.
Acredito que a todos fosse impossível fazê-lo e creio que o mesmo acontecerá com os familiares das pessoas que estejam em estruturas residenciais que necessitem intervenção…
Por tudo vale a pena que as primeiras preocupações seja com o Futuro e garantir mais e melhores respostas.