Ontem, decorreu mais uma manifestação dos Professores. Embora os meios de comunicação social não tenham dado a devida atenção à manifestação, mas sim ao casamento real no Reino Unido, do filho mais novo da Princesa Diana.
“Estiveram presentes no Marquês de Pombal mais de 50 mil professores”, referiu o secretário geral da Federação Nacional de Professores, Mário Nogueira, em declarações ao DN.
A protestar pela aprovação de um regime específico de aposentação, um horário de 35 horas semanais, a legalidade dos concursos a decorrer nas escolas e ainda a abertura de novas vagas.
Ser professor há uns anos atrás era um privilégio, mas deixou de o ser há muito tempo.
Cresci com sucessivas manifestações desta classe. E percebo porquê… a falta de horário completo; as viagens de norte para sul, um ano em Faro outro ano no Porto; deixar a casa e a família todos os anos; deixar os filhos com o pai ou com os avós ou levá-los, mesmo que isso implique nova reintegração numa escola, e quanto isso é difícil principalmente para os mais pequeninos; dar aulas a cinco níveis escolares, uma turma do 8º ano, do 9º do 10º do 11º… e porque não ficar apenas com um nível e lecionar a todas as turmas?
Isto tudo por pouco mais que o ordenado mínimo nacional. Portugal não respeita profissão nenhuma, mas os Professores são o maior exemplo dos efeitos da Troika e de desvalorização profissional.
Sei de cor os nomes, e tenho presente os rostos, as palavras ditas em momentos certos de todos aqueles professores que marcaram o meu caminho. Alguns, tiveram a capacidade de me ajudar a compreender a forma como os números se relacionam, a simplificar equações, a perceber a História, a entender a Geografia, a escrever o Português… Foi na escola que apreendi a ser pessoa e a abraçar desafios gigantes, que criei bagagem para a vida adulta. E aqui cabem, os bons professores que passaram na minha vida, porque também os tive maus.
Por mais que digam que em casa se educa e na escola se ensina, os professores ensinam e educam o saber no coração. Quando muitos alunos o que têm para além dos portões da escola é verdadeiramente assustador, o que resta? Os professores. As palavras de saber que fazem com que não se zanguem com as pessoas e com a vida e que clarifica as ideias e nos faz melhores e cidadãos plenos.
Na escola não há lugar para as suas frustrações e problemas, há vontade de ensinar, e de querer fazer mudar o mundo. Estão na base de todas as bases, fazem dos alunos mais tarde, médicos, advogados, engenheiros, aquilo que eles quiserem ou puderem ser, com sabedoria e amor.
Por isso vamos apoiá-los! A todos os bons professores!
“Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo”, de Malala Yousafzai, vencedora do Prémio Nobel da Paz, aos 16 anos.