“Certa palavra dorme na sombra de um livro raro. Como desencantá-la? É a senha da vida a senha do mundo. Vou procurá-la. Vou procurá-la a vida inteira no mundo todo. Se tarda o encontro, se não a encontro, não desanimo, procuro sempre. Procuro sempre, e minha procura ficará sendo minha palavra.”
Carlos Drummond de Andrade, in ‘Discurso da Primavera‘
Ultimamente, tenho pensado e reflectido muito sobre o poder das palavras, sobre como o uso e a escolha das palavras tem que ser cuidadosa, adequada e minuciosa.
O uso da palavra certa, na hora certa requer maturidade, bom senso, prudência e sabedoria. Por vezes, não nos apercebemos como uma palavra pode ter uma força tão grande que pode marcar e alterar para o bem ou para o mal as relações entre as pessoas.
Há palavras que são como armas, ferem, magoam, destroem e a cada dia que passa ficam cada vez mais marcadas no nosso coração e na nossa alma, como as marcas do cisel sobre a pedra, para sempre, eternamente.
Há palavras que estão armadilhadas, que transpiram demagogia, que são manipuladas habilidosamente para criar argumentos pouco claros, falsos, alterar sentidos e baralhar as discussões e as ideias
A força das palavras é tanta que pode alterar e mudar completamente uma realidade e um conteúdo.
Palavras… leva-as o vento. Não! Não leva… As palavras têm peso ou leveza. O peso e a leveza das palavras dependem de quem as diz e de quem as ouve. O peso e a leveza das palavras dependem de como são ditas e de como são ouvidas.
Não! As palavras nunca são levadas pelo vento. Depois de ditas fazem parte de nós e povoam o nosso pensamento às vezes tomando conta dele e minando-o como uma doença.
Há palavras que são carinhos, afectos, mimos, que nos animam, que nos levam para cima e nos pacificam, que nos mostram o caminho e nos fazem ver a luz ao fim do túnel.
Há palavras que são sementes que quando são espalhadas, disseminadas, mesmo que pelo vento, podem dar frutos que perdurarão para sempre num cantinho do nosso coração.