No desporto de formação, os pais desempenham um papel de grande impacto no desempenho dos seus filhos, bem como da equipa em geral. A forma como fazem a sua participação é que vai fazer toda a diferença no percurso desportivo da criança e, mais tarde, do jovem.
A verdade é que o “estrelato”, em particular no futebol, se alcança entre os 11 e os 13 anos. Nestas idades, o facto de ser futebol de 7 e 9 proporciona, ainda, ao atleta um maior contacto com a bola, com o jogo e mais sucessos nas tomadas de decisões e execuções. Esta realidade esconde na maioria das vezes o processo, em detrimento do resultado.
Os pais que, numa fase embrionária da prática desportiva, se divertem com o jogo, rapidamente se transformam em “claque” do próprio filho e, por contágio, da equipa que ele representa nessa época. Muitos chegam mesmo a ter parecenças com os hooligans! Há males que têm de ser combatidos a partir da sua fase embrionária, como estes desvios comportamentais dos pais.
No desporto é logo na iniciação que se deve explicar aos pais que vão entrar numa atividade que vai exigir muito deles em termos de vida familiar e que as emoções vão estar muitas vezes presentes. Devem aprender a lidar com isso. Casa vez mais, os clubes têm de educar os pais quando os filhos iniciam a sua formação.
Existem clubes que aceitam este tipo de comportamentos. Estas más práticas. Como é possível que se continue a pactuar com este clima em jogos de crianças e jovens?
O papel de pai ou mãe é esquecido, passando a ser o de um gerador ou facilitador de conflitos que pactua com o ambiente violento em que coloca o seu filho. Os pais vestem camisolas de fãs do seu filho! Insultam quem não apoia o seu filho! A obsessão pelo sucesso imediato do filho perverte por completo a forma como vivem a sua prática desportiva.
O papel dos pais é de apoio emocional nas várias e diferentes etapas da formação e sempre fora do campo. E já é uma grande exigência.
Parabéns ao Instituto Português da Juventude e do Desporto, que lançou esta semana uma campanha #NãosejaBullydeBancada: “Episódios de violência levam à diminuição da segurança e prazer no desporto. Contamos consigo para a erradicação de comportamentos violentos.” Trata-se de um importante contributo para a erradicação de comportamentos desadequados, pouco éticos e, por vezes, violentos dos pais/encarregados de educação, no âmbito da prática desportiva nas camadas jovens.
Pais, por favor, sentem-se, relaxem, deixem os vossos filhos brincarem, deixem os treinadores treinarem e os árbitros arbitrarem. Desfrutem do momento. Desfrutem do desporto. E deixem que os vossos filhos desfrutem também.
Ilustração de Paulo Medeiros