O racismo faz abanar os meus alicerces, as imagens que recebi dos protestos que aconteceram em Lisboa emocionam-me, emocionam-me pela ausência de silêncio.
Há uns anos atrás uma amiga e colega, num dos corredores longínquos e frios da faculdade, contou-me que um professor regente não lhe dera a nota merecida e ainda expressou o seu racismo, proferindo: ” não dou 16 a essa preta”, senti que o mundo dela tinha recuado, senti-lhe o peso nas palavras e a mágoa por ser diferente e não o ser.
Foi na cadeira de Direito Constitucional onde se aprendem os princípios basilares da nossa democracia: o direito à igualdade, a não discriminação pela raça e etnia.
O silêncio foi a arma usada, no primeiro ano da faculdade ninguém quer ficar com uma mancha negra na caderneta, com um professor que leciona “x” cadeiras na faculdade.
À margem deste assunto, os dados da DGS têm-nos mostrado que o número de infectados na região de Lisboa têm aumentado exponencialmente.
Portugal acaba de ser um dos países a receber o selo “safe travels”, mas parece que o país gira sem sair do mesmo sítio. A OMS diz que estudos sustentam que os assintomáticos não contagiam, embora no mês de março e abril tenham sido a principal fonte de contágios.
Enfim, quanto às manifestações, há formas e maneiras de nos manifestarmos, gritem da janela, coloquem bandeiras, cartazes nas mesmas, inundem as redes sociais… porque o mais importante neste momento é acabar/controlar o covid-19, proteger os mais vulneráveis, ajudar os hospitais, a justiça… entre outros sectores a retomar a sua normal função.
Para se combater o racismo não é necessário disseminar o covid-19, ou é?