Ciclicamente, por aí, em certa CS, aparecem uns visionários com ideias peregrinas, como o sr. João Pratas, com o entendimento de que “os reformados têm de ganhar menos”.
Exactamente, é esta a sua sapiente conclusão, proferido do alto da sua sinecura de presidente da Associação Portuguesa de Fundos de Investimentos, Pensões e Patrimónios.
Para justificar a sua brilhante e assertiva ejaculatória, dando caução nobre a um real cínico, o sr. Pratas intenta aparecer como um gestor preocupado com a Segurança Social e sua sustentabilidade, abonando no discurso “Para o sistema de pensões não ser deficitário, os reformados têm de ganhar menos. Isto é uma coisa que nenhum político vai dizer”.
Pois nenhum político o vai dizer, pois terão um mínimo de pejo e de pudor. Adereços que parece não fazerem parte do “portfolio” cívico do sr. Pratas.
Isto, sem decerto ignorar, ele que é expert na matéria, que há cerca de um milhão de reformados em Portugal a receber menos de 300 euros por mês.
Já agora, quanto auferirá mensalmente o sr. Pratas?
Numa entrevista, com palavras bonitinhas , diz ao que vem: “promover e desenvolver a gestão de fundos de investimento, de fundos de pensões e de patrimónios” (…) “apresentação de propostas para a criação de condições que contribuam para o desenvolvimento da indústria nacional de Fundos de Investimento e de Pensões”, propondo-se até à “colaboração ativa nas consultas relativas aos processos de alteração da regulação comunitária e nacional”. Tal beneficência merece comenda…
O sr. Pratas apresenta-se como um missionário pelas terras bárbaras do Ocidente, a catequizar para lucrar. A pregar, na sua evangélica missão, que é preciso tirar aos desvalidos da Fortuna, para dar aos afortunados do sistema. Sistema, claro, este dos fundos de investimento e de pensões, que só terá a lucrar quando todos os portugueses começarem a “poupar” para investir na engorda dos accionistas que o sr. Pratas representa.
É Natal e há reformados que não têm dinheiro para pagar os medicamentos, o aquecimento, o aluguer da pobre habitação, a magra posta de bacalhau da Consoada. Não importa, para o sr. Pratas – até o nome ajuda — “os reformados têm de ganhar menos”. Ponto final.