Narciso era um bonito moço que desprezava tudo quanto não fosse a sua pessoa, o Amor incluído.
A ninfa Eco, em vão, como outras mais, apaixonou-se por ele. Juntas, as desdenhadas, reclamaram vingança a Némesis. Um dia após uma caçada, sequioso, Narciso dessedentou-se numa fonte e viu reflectida na plácida água a imagem do seu rosto. Por quem de imediato se apaixonou…
De tal forma que, a partir daí, se consumiu com tal paixão por si mesmo que se alheou de tudo quanto o rodeava, que não fosse ele próprio, e se deixou morrer.
Nas “Metamorfoses”, Ovídio conta a história melhor. Mas eu não sou Ovídio…
Em doses iguais à estética, uma frequência assídua dos ecrãs da televisão, é uma preciosíssima ajuda. Ademais, se o tempo de antena do Narciso, sub-repticiamente, se servir do comentário político para a bajulação de uma ideologia ou de um determinado político em ascensão, que logo passa a nutrir pelo efebo profunda estima e admiração.
Depois, e antes do suicídio de Narciso, o retorno chega com inusitadas prebendas e eis a vedeta lançada no Olimpo, ao lado dos deuses do momento.
A questão, para o dia 9 de Junho, é se os portugueses preferem cabeças solidamente pensantes que possam trazer retorno para a Europa e para Portugal, ou optam por uma Afrodite ou um Apolo, que sempre têm uma vantagem: ficam muito bem nas fotografias da família europeia…
Talvez a obra de arte que mais expressivamente representa este mito, seja de Salvador Dalí, “Metamorfose” e Dalí, outro caprichoso Narciso, percebia do assunto: