Uma desgraça nunca vem só.
Com uma situação social explosiva, com xenofobia e racismo a aflorar, Odemira viu-se nas parangonas face ao grau de infecção da Covid19.
Repentinamente levantou-se um coro de vozes que estiveram mudas quando antes a situação foi denunciada.
Tem sido muito doloroso assistir ao desfile de miséria que nos entra em casa.
Informam-nos que as forças policiais e o Ministério Público têm estado a trabalhar nestas situações de exploração. Só podemos esperar que tenham êxito na tarefa e que estes casos desapareçam.
Pior é sabermos que a situação não é exclusiva deste concelho e que se alastra a vários outros.
Sendo que todos têm em comum a ligação a explorações agrícolas de caráter intensivo.
É um duplo preço que o país paga com esta situação, o esgotamento produtivo dos terrenos com perdas enormes de biodiversidade e a exploração humana inaceitável do ponto de vista individual e social.
Situação absolutamente deprimente foi a vivida no complexo Zmar.
Perante o drama de absoluta falta de condições habitacionais e face à iminência de colocação de imigrantes nas habitações daquele empreendimento, tivemos pessoas a oferecer mobília e roupa de cama para os manterem longe.
Fez-me lembrar aquelas pessoas que reclamam a colocação de mais um contentor de resíduos… desde que fique à porta dos vizinhos.
É que eles são um suporte importante para a coesão social, mormente para a sustentabilidade da Segurança Social.
Mas para isso é fundamental que os tratemos como pessoas titulares de direitos e de dignidade igual à dos cidadãos portugueses.