A idade faz-nos mais maduros, mais pacientes, mais ponderados, mais tolerantes. Os anos amaciam-nos, amolecem-nos. Parece que os cabelos brancos são travões e amortecedores. A idade dá calo e lastro. Há pessoas que dizem isso. Estou como elas.
Apesar disso, há uma espécie de gente com quem não travo nem amorteço. Com quem entro a pés juntos, apesar da idade e dos cabelos brancos. São os filhos da mãe.
Em todos os períodos da Humanidade, continentes e civilizações, sempre foi fácil esbarrar e tropeçar nesses espécimes. Alguns, foram protagonistas da História e alavancaram profundas transformações económicas, sociais e políticas. Muitos, são cidadãos anónimos. Alguns, herdaram, e esbanjaram fortunas, a par de outros que gastaram o que nunca foi seu. Outros, têm retratos a óleo em vetustos salões de palácios e palacetes. Muitos, não têm mesmo nada, nem casa, nem dinheiro, nem vergonha. Os filhos da mãe não são uma consequência da Revolução Industrial, da luta de classes, nem uma inovação do progresso tecnológico. Um filho da mãe não é uma novidade, sempre existiu. Um filho da mãe não é um imposto, mas, às vezes, é-nos imposto.
Os filhos da mãe têm um carácter canalha e uma personalidade miserável. Nem a geada quer nada com eles. O que há mais é filhos da mãe. Às claras, às escuras, à superfície, na sarjeta. E quando se juntam todos, em rancho, a dançar o vira e a tocar o reco-reco, é uma filha da putice do tamanho de uma orquestra. O filho da mãe reproduz-se a uma progressão geométrica, cresceu com a crise, que, na sua vertigem predadora, não poupou valores. O filho da mãe está muito longe de ser uma espécie em vias de extinção. Diferentemente do ladrão, que há o bom e o mau, um filho da puta é um filho da puta, ponto. Só. Sem adjectivos. Um filho da puta nem sempre é um “Zé Ninguém”. Mesmo sem adubo, fertilizante ou húmus, eles “andem aí”. E fazem estrumeira…e da grossa