O simplex era a mirífica jangada do naufrágio da administração pública. Com ele, Portugal tornar-se-ia um modelar exemplo da eficiência, das excelentíssimas práticas, da rapidez, da modernidade. Like a star!
Fez-se quase tudo conceptualmente bem, mas…
O país está mais burocratizado, mais emperrado, mais moroso e mais “chato” de aturar.
Quer-se tratar de um assunto no SEF, liga-se centenas de vez e NUNCA se consegue chegar à fala com aquela gentinha. Liga-se para um centro de saúde a marcar uma mera consulta e NUNCA se consegue chegar à fala com aquela gentinha. Vai-se pagar um imposto à AT e, além de se perder uma manhã nas filas, é frequente chegar ao balcão em “time out”.
Assim, na Segurança Social. No IEFP. No IMT. Nos Tribunais, onde até arranjaram uns programas bonitinhos que são mais intermitentes do que o pisca-pisca (re)lento do velho Toyota. Nos hospitais as coisas não melhoram nem com novos ministros, nem com mais dotações orçamentais. O cancro está metastizado. Por toda a parte…
Os revolucionários líderes do sistema arranjaram uns programazinhos para simplificar a coisa. Esqueceram-se de arranjar quem com eles bem lidasse, actualizando, formando e substituindo quem se reforma ou entra em burn out por stress profissional agravado. Ou então, estaremos nos píncaros do quiet quitting, ou demissão silenciosa. Se em França já são 84%… A bola de neve não pára.
Aqueles que faziam as apologias e louvações das modernices, têm agora a resposta na cacofonia instalada. A coisa está desafinada. E essa é uma verdade inultrapassável. A modernização administrativa aparentemente está em lock out. Que fazer?
No fundo e para concluir, o país está uma lesma mais lesma, mais lenta e viscosa, para desespero das “vítimas” que recorrem ao miraculoso sistema.
(Foto DR)