António Costa, considerado um grande jogador, rasteirou um seu colega de equipa que de seguro tinha pouco, lançou-se ao ataque, mas não conseguiu marcar e quando já tinha o jogo perdido, eis que Catarina e Jerónimo, numa jogada de mestre, fizeram uma tabelinha, meteram-lhe a bola nos pés e ele marcou o golo que lhe deu a vitória.
Ficou provado que o jogo de equipa sempre resulta melhor do que as habilidades de um só craque. Mas Costa, armado em vedeta, não aguentou por muito tempo ter de passar a bola para a esquerda, optando por jogar ao centro, com resvaladuras pela direita.
Chamou “empecilhos” aos partidos que lhe deram maioria parlamentar e quando estes, face à arrogância do governo, não transigiram na defesa do SNS (como o futuro lhes deu razão!) e de uma divisão mais justa da riqueza, Costa arriscou repetir o jogo eleitoral, acabando com uma maioria absoluta.
Para já, afinal, não há acusações de crimes de corrupção, apenas do crime de “tráfico de influência”, por parte dos políticos, e de “oferta indevida de vantagem quanto a titular de cargo político agravado”, dos administradores da Start Campus.
Nada de novo: é a velha política do rotativismo do Bloco Central (PS e PSD), com o seu clientelismo e promiscuidade com interesses privados, a economia de favores (“facilitação”) e portas-giratórias entre os governos ou autarquias e as empresas e grupos económicos, sob o argumento (invocado por Costa) dos projectos de interesse nacional.
Em 2021, o Bloco de Esquerda levou ao Parlamento propostas de alteração à lei das minas (proibição de novas minas em áreas protegidas, aumento da distância mínima para populações e que a Avaliação de Impacto Ambiental fosse feita antes dos contratos de concessão), com o deputado Nelson Peralta a acusar o ministro Matos Fernandes e João Galamba de criarem uma lei que abriu um regime de “bar aberto”, em que se permite aos interesses privados, com um jeitinho, o que é proibido na defesa do Ambiente, das populações e do país.
Este descrédito paulatino do regime democrático, que abre as portas à demagogia populista da extrema-direita com o rabo fascista de fora, só poderá ser revertido, agora, nas vésperas do 50º aniversário do 25 de Abril com políticas sérias que cumpram e respeitem a Constituição de Abril, na defesa do SNS, da Escola Pública, da Habitação, dos salários e pensões dignas.