O Papa Francisco faleceu no dia 21 de Abril, no Vaticano, aos 88 anos de idade.
O Governo AD decretou três dias de luto nacional. A saber, 24, 25 e 26 de Abril.
Não dilucidamos com inequívoca clareza a escolha destes dias, pois, se faleceu a 21, a lógica seria esse dia, ou o dia seguinte 22, mais o 23 e o 24. Sem atropelos nem colisões.
Quem escolheu o calendário ou o fez inconscientemente ou, pelo contrário, fê-lo traiçoeira e perfidamente para arranjar uma plausível desculpa para não se comemorarem ou apoucarem os 51 anos da Revolução de Abril.
O que não é de admirar, primeiro pela ala direita e altamente conservadora que este governo congrega nas suas hostes, segundo pela tenra idade de muitos dos seus fiéis, que nem sequer eram nascidos em 1974 e para quem o 25 de Abril pouco ou nenhum significado terá.
Talvez esta iniciativa, própria de um partido radical de direita populista viesse, neste momento em que estamos a três semanas das eleições legislativas, com o intuito de fazer a corte aos votantes dessa mesma direita. Talvez.
Talvez, neste país dos três F’s, Fátima, Futebol e Fado, o acto visasse cair bem numa faixa larga do eleitorado católico. Talvez.
Talvez afinal fosse uma desconchavada operação de marketing para vender a imagem de um governo de um estado laico, muito pio e compungido. Talvez.
E quando vemos aquele ministro de Tondela, atabalhoadamente a baralhar-se todo nas explicações justificativas da “argolada” (?) – o mesmo jovem coerente que fazia discursos inflamados à porta do CHTV clamando contra o SNS no tempo do anterior governo – pensamos na triste figura que está a fazer, mas pensamos mais ainda: quem muitas explicações tem que dar, muito pouco tranquila terá a consciência…
Estes tipos agem como uns “cromos”, ou talvez não, talvez a saibam toda e não olhem a meios para atingir seus fins, mesmo que a alardeada contrição e penitência não passe de uma hipócrita e falsa pose de circunstância e oportunismo.
A seguir, congratulados e aliviados, podem ir todos à Pizzeria de Baffetto ou à Sforno, comer umas bruschettas ou umas pizzas de prosciutto regadas com um Rosso di Montalcino 2021, com selfies de família à dulcificada sobremesa de um Amaretti ou Bocconotti.