A reunião em Joanesburgo, na África do Sul, da cimeira dos BRICS está a dar que falar pela possibilidade, cada vez mais real, de uma nova conjuntura económico-política mundial.
Mas afinal o que são os BRICS que tanta tinta têm feito correr?
Desde o ano de 2011, uma cimeira anual reúne com os líderes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, bem como outros líderes de países que lhes são politicamente próximos. Os chamados países emergentes, noção já desatualizada, tinham como fim ter voz no conjunto das instituições monetárias mundiais. Daí terem criado em 2014 o NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), com o objetivo de emprestar aos países emergentes fundos para o seu desenvolvimento. A este novo “clube”, chegaram este ano países como os Emirados Árabes Unidos, a Arábia Saudita, o Egito, o Zimbabué e muitos outros.
Os cinco países inicialmente agrupados têm uma população de 3,24 biliões de habitantes (destaquemos a população da Índia e da China). Congregando em si 40% da população mundial, estão entre os 10 países com maior área do planeta, representando 26% do PIB mundial.
A China lidera, pelo seu potencial económico em crescimento os BRICS (acrónimo dos países que o constituíram), enquanto que a Rússia, cujo presidente participou via satélite por motivos penais internacionais e risco de detenção, tenta a tudo custo alargar-se a novos mercados para contornar as sanções entrepostas pelos mercados tradicionais, como se infere pela proposta de Putin em fornecer “humanitariamente” cereais aos países africanos deles mais carenciados, numa clara operação de “charme” político e de vantagem económica.
Se no início os BRICS integravam 5 países, este número entrou em crescimento acelerado com 40 novos candidatos como a Venezuela, a Argentina, a Argélia, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, entre outros.
Será talvez daqui que surgirá a tal Nova Ordem? Com todos os cenários políticos em acelerada mudança, de certa forma propiciada pela invasão da Ucrânia e suas consequências, este perfilar e desfilar de novas equipas será inquietante ou, meramente, uma resposta justa a equilibrar os pratos da balança económica do planeta, com novos parceiros agrupados e uma nova linha de intervenção em países até hoje marginalizados, saqueados, desprezados e ignorados pelos “mandantes” universais, hoje sentados à mesa dos “grandes”?