O voto moderado e de centro é no PS

Pedro Nuno tem uma sensibilidade social tão impressiva quanto a de Guterres, tem uma competência económica tão sustentada na ótica governativa quanto a de Cavaco em 1980 e tem uma coragem que nos leva a Mário Soares. Não é pouco quando o comparamos com o líder da atual oposição.

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  • 19:25 | Quinta-feira, 07 de Março de 2024
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Os portugueses são chamados a votar numas eleições muito diferentes de todas as que se verificaram nas últimas décadas.

Diferentes porque o nosso sistema político está atacado por forças iliberais, por movimentos que têm como essência colocar em causa a normalidade das instituições e promover a rotura da nossa sociedade de tolerância.

Os estudos de opinião dizem que a maioria dos portugueses, cerca de 40%, se considera de centro. Há ainda uma percentagem que anda em volta dos 25% que se diz de esquerda e de perto de 20% que se considera claramente de direita.


Não raro, os mesmos estudos vão dizendo que os 40% que se consideram de centro se confundem com a consideração de moderados, o que diz bem da nossa marca genética de cidadãos prudentes e até desconfiados.

Em todas as eleições realizadas até hoje, foi o centro a garantir a governabilidade, e nestas, apesar de haver uma nova realidade, que as instituições vão ter de incorporar na sua ação futura, não será diferente.

Os moderados podem ser mais avessos à mudança, como eu acho que a maioria é, ou mais antecipadores de novas políticas e de novas pessoas. Mas no tempo que vivemos a reivindicação da mudança só pela mudança será um grande e grave erro.

A economia mundial está em tempo de grandes indefinições, a guerra na Ucrânia veio criar interrogações que já se somavam às que nasceram da pandemia, a situação política norte americana é de tal forma frágil que nos deixa sem margem para aventureirismo.

No meio de tudo isto, Portugal conseguiu uma estabilidade nas suas contas públicas como poucos, conseguiu um crescimento económico como poucos, conseguiu um incremento do salário médio muito significativo, conseguiu uma diminuição da pobreza a um ritmo nunca visto, conseguiu a redução do abandono escolar e um crescimento do numero de alunos no ensino superior ímpares na nossa democracia, conseguiu atingir metas de produção de energia renovável como poucos países no mundo.

E mais importante do que tudo isto, conseguiu que a qualidade da vida democrática e da segurança pública se situassem a níveis dos mais elevados do mundo.

Há, porém, um problema que todos os dias encontro nas conversas que vou tendo – a informalidade na governação, em especial nos últimos dois anos, acentuou-se muito. E sobre este argumento pouco há a fazer que não seja ouvir e calar, esperando que não seja determinante.

Pedro Nuno Santos foi eleito líder do partido há 100 dias. Sobre ele recaíam olhares duvidosos, desconfianças, medos.

 

 

Claro que Pedro Nuno é um homem de esquerda. Disso não há dúvidas e ele não vai mudar. Mas é um homem que se encaixa na história de moderação do PS, de todos os seus primeiros ministros, de todos os que construíram Portugal no que ele é hoje.

Há, na nossa democracia, cinco chefes do Governo que marcam. Mário Soares que nos salvou de duas bancarrotas em 1977 e em 1983 e integrou Portugal na Europa; Cavaco Silva, que geriu o país com enormes quantias de fundos e sem as limitações orçamentais que hoje existem; Guterres, que criou as condições para a nossa adesão à moeda única e construiu o Portugal Social; Sócrates, que abriu a porta à tecnologia, à energia limpa, à grande e desenvolvida indústria 4.0; Costa, que geriu o país nas duas crises internacionais mais graves das últimas décadas e construiu o feito de termos, pela primeira vez em democracia, contas sem défices.

Todos estes líderes só deixaram uma marca porque se foram situando ao centro, se alicerçaram na moderação para fazer. Mesmo a geringonça governou ao centro e com moderação.

Foi o que Pedro Nuno fez – construiu um programa de Governo, uma estética de liderança, uma centralidade discursiva e uma indiciação da ação administrativa que são marcas de moderação.

Pedro Nuno tem uma sensibilidade social tão impressiva quanto a de Guterres, tem uma competência económica tão sustentada na ótica governativa quanto a de Cavaco em 1980 e tem uma coragem que nos leva a Mário Soares. Não é pouco quando o comparamos com o líder da atual oposição.

É por tudo isto que eu antecipo a opção pelo PS de uma grande parte da massa moderada e de centro que vai votar. E é também por olhar para Pedro Nuno e ver nele caraterísticas de todos os grandes vultos que governaram Portugal, que antecipo a renovação de confiança no grande partido democrático que marca a nossa democracia de meio século.

Ascenso Simões

 

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Publicado em Opinião