Os portugueses são chamados a votar numas eleições muito diferentes de todas as que se verificaram nas últimas décadas.
Diferentes porque o nosso sistema político está atacado por forças iliberais, por movimentos que têm como essência colocar em causa a normalidade das instituições e promover a rotura da nossa sociedade de tolerância.
Os estudos de opinião dizem que a maioria dos portugueses, cerca de 40%, se considera de centro. Há ainda uma percentagem que anda em volta dos 25% que se diz de esquerda e de perto de 20% que se considera claramente de direita.
Não raro, os mesmos estudos vão dizendo que os 40% que se consideram de centro se confundem com a consideração de moderados, o que diz bem da nossa marca genética de cidadãos prudentes e até desconfiados.
Os moderados podem ser mais avessos à mudança, como eu acho que a maioria é, ou mais antecipadores de novas políticas e de novas pessoas. Mas no tempo que vivemos a reivindicação da mudança só pela mudança será um grande e grave erro.
A economia mundial está em tempo de grandes indefinições, a guerra na Ucrânia veio criar interrogações que já se somavam às que nasceram da pandemia, a situação política norte americana é de tal forma frágil que nos deixa sem margem para aventureirismo.
E mais importante do que tudo isto, conseguiu que a qualidade da vida democrática e da segurança pública se situassem a níveis dos mais elevados do mundo.
Há, porém, um problema que todos os dias encontro nas conversas que vou tendo – a informalidade na governação, em especial nos últimos dois anos, acentuou-se muito. E sobre este argumento pouco há a fazer que não seja ouvir e calar, esperando que não seja determinante.
Pedro Nuno Santos foi eleito líder do partido há 100 dias. Sobre ele recaíam olhares duvidosos, desconfianças, medos.
Claro que Pedro Nuno é um homem de esquerda. Disso não há dúvidas e ele não vai mudar. Mas é um homem que se encaixa na história de moderação do PS, de todos os seus primeiros ministros, de todos os que construíram Portugal no que ele é hoje.
Todos estes líderes só deixaram uma marca porque se foram situando ao centro, se alicerçaram na moderação para fazer. Mesmo a geringonça governou ao centro e com moderação.
Foi o que Pedro Nuno fez – construiu um programa de Governo, uma estética de liderança, uma centralidade discursiva e uma indiciação da ação administrativa que são marcas de moderação.
Pedro Nuno tem uma sensibilidade social tão impressiva quanto a de Guterres, tem uma competência económica tão sustentada na ótica governativa quanto a de Cavaco em 1980 e tem uma coragem que nos leva a Mário Soares. Não é pouco quando o comparamos com o líder da atual oposição.
É por tudo isto que eu antecipo a opção pelo PS de uma grande parte da massa moderada e de centro que vai votar. E é também por olhar para Pedro Nuno e ver nele caraterísticas de todos os grandes vultos que governaram Portugal, que antecipo a renovação de confiança no grande partido democrático que marca a nossa democracia de meio século.
Ascenso Simões