Sou por norma crítico da gestão autárquica, sobretudo nos aspectos em que a política seguida não acrescenta valor ao passado nem perspectiva melhorias no futuro.
Viseu, tem vivido nesta lógica nas últimas décadas. Gerir um orçamento sem estas preocupações em linha de conta é fácil e se for transformado em festas e vinho o eleitorado viseense não foge à regra e na hora de votar escolhe o circo.
Porém, há que dar a mão à palmatória naquilo que embora parecendo seguir essa linha de rumo acaba por ter um efeito positivo na rotina e no marasmo do dia a dia. Viseu precisa de se afirmar como “marca” e pela positiva tornando-se atractiva de facto a jovens que aqui se queiram fixar e a empresas que entendam interessante aqui investir, Ainda não chegámos a este ponto mas, as recentes iniciativas da Europeade, as mudanças significativas na Feira de S. Mateus e na aposta do Air Race podem potenciar no médio prazo este magnetismo.
Numa época dominada pelo imediatismo e pela globalização, o desenvolvimento das sociedades e dos territórios exige organizações autárquicas eficazes e prestadoras de serviços qualificados, diferenciadores e capazes de responder adequadamente às exigências e expetativas dos cidadãos. A rápida alteração dos circuitos de vida dos cidadãos a nível social, económico, tecnológico e político impõe às administrações autárquicas novos desafios e debates sobre os caminhos a seguir e isso inclui a necessidade das autarquias serem ainda mais eficientes e capazes de promover novas políticas municipais e de se adaptarem às exigências de uma sociedade em mutação, por forma a aumentar o seu valor para o público no curto e longo prazos, sendo agentes indutores da inovação do contexto organizacional e práticas de administração.
A aposta do vereador Sobrado na Europeade, coisa que confesso a mim me dizia pouco, é laudável e bem conseguida. A cidade viveu por uns dias um colorido diferente num encontro de vontades e culturas que, pelo que constatei pelas redes sociais, transmitiu da região uma imagem de acolhimento salutar, de organização profissional e de simpatia que pode reverter em retorno de confiança, de passa palavra sobre a cidade e daí trazer turismo e quiçá, outras oportunidades e desafios para os viseenses.
Um outro aspecto a que não devo em consciência ficar alheio, após tantos anos de crítica do marasmo e da pirosice bacoca a que a Feira de São Mateus esteve votada, deve-se ao novo cenário e programação que a mesma apresenta. Está, sem margem para dúvidas mais humanizada, higienizada, organizada e apelativa. Da imundice dos comes e bebes temos agora um agradável e moderno espaço de restauração, dos púcaros e cuecas a montes há agora zonas de venda arrumadas e limpas, das mijadelas nos cantos há agora casas de banho públicas ao dispor dos aflitos com as vertigens dos divertimentos e carrinhos de choque e tudo isto misturado numa programação diversa para vários gostos sem se perder a tradição da Feira.
Almeida Henriques nunca teria é certo tal rasgo mental para encetar tal mudança, mas ao confiar na visão atrevida do seu mentor e vereador, acaba por colher os louros e manter os seus apaniguados motivados.
Acresce o anúncio para 2019 do Air Race, que não sendo uma iniciativa com muitos fãs nem “pilotaços” pela região, pode colocar Viseu na discussão de um nicho de mercado de bolsos bem preenchidos e com isso trazer retorno e vida à hotelaria e restauração da região.
É certo que o aeródromo não passará a ser nenhum aeroporto e patético será defender tal ideia, mas pelo menos cumpre os fins para o que foi desenhado e passa a ter o que não tem tido, vida e utilidade como espaço aeronáutico.
É facto que o desconhecimento dos custos financeiros associados a estes eventos tornam a minha modesta opinião mais benevolente, sendo que não ignoro que muita da política municipal nestes últimos anos tem sido feita de propaganda e pouca obra, que as oportunidades de emprego para os jovens são parcas, que o nível de investimento privado no concelho é reduzido, que a água tem andado escura nalguns locais da cidade, que a rubrica “Conversa Radical do pasquim local” nem chega a ser ridícula é só patética e que muito mais haverá a apontar mas, honra seja feita, nos aspectos citados o vereador Sobrado dá cartas. Almeida Henriques que se cuide!