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Rebelo Marinho
“RSI. Ventura quer obrigar beneficiários a trabalharem”. É notícia de 1a. página do jornal “I”, de ontem.
Independentemente de outros excessos, intoleráveis, neste ponto específico, penso como Ventura. Temos de nos bater pela coesão social, que os que mais têm deem aos mais desprotegidos, que o fosso entre ricos e pobres se estreite, que haja mais solidariedade e fraternidade. É justíssimo que parte do que descontamos vá para aqueles que não têm fontes de subsistência que lhes garantam uma vida com um mínimo de dignidade. É um princípio civilizacional, é a matriz da nossa existência colectiva, é um dever ético. Mas, à boleia das boas intenções, o RSI não pode servir para manter lambões, preguiçosos e mandriões. Que trabalhem! O RSI não pode ser só um direito, a ele deve corresponder o dever de trabalhar em tarefas públicas, que o Estado destine. O RSI não pode ser suportado por dinheiros dos que trabalham e beneficiar os que se surripiam a todas as ofertas de trabalhos, preferindo fumar, tomar o pequeno-almoço na pastelaria e comer umas bolas de berlim e contando com a frouxidão de um Estado relapso. Exceptuo desta obrigação, obviamente, os que, por deficiência ou doença, não podem, comprovadamente, trabalhar.
O RSI não teve na sua génese manter um conjunto de parasitas que, bastando-lhe o que recebem, se recusam a vergar a mola. Se têm corpo e saúde, devem retribuir com trabalho o apoio que o Estado, muito justamente, lhes dá. Quem não quiser, que viva das pedras e do musgo que as cobre. E o Estado que se deixe de encolhas e fiscalize, bem e rectamente. Não pode haver dois pesos e duas medidas. Ventura tocou na ferida que muitos teimam em esconder. E fez muito bem!
O Estado Social não pode ser a manta que tapa todos os despautérios, criando um exército de inúteis, que fazem da indolência e da mandriice a sua principal pegada. No dia em que os deveres se zangarem com os direitos, eu estou para ver o que vai ser o jantar. Deixemo-nos do politicamente correcto e dos alfinetes de gravata, e vamos ao que interessa.
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