O triste fado lusitano

A arbitragem vive num secretismo que já não se compreende. Sucede também que os presidentes têm um protagonismo que não se vê em mais nenhum país da Europa futebolística. E depois, a horda de adeptos, essa turba irracional, faz ameaças de morte, parte a montra das lojas que os árbitros têm, as paredes das sedes da FPF e da Liga de clubes são vandalizadas.

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  • 13:38 | Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2021
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O futebol já não é apenas um desporto de massas. Também para passou a ser um desporto das massas.

Das massas, o futebol não se livra. O futebol é uma indústria, que aproveita a matéria-prima (jovens adolescentes) e a transforma em produto final (jogadores com jeito ou talentosos), que transacciona no mercado, a preços, algumas vezes, fabulosos.

Os jogadores passaram a ser activos dos clubes que são empresas cotadas na Bolsa. Não contam apenas as quotas dos sócios, mas as respectivas acções e accionistas.


O futebol movimenta rios de dinheiro, dizem até as más-línguas, mas eu com essa gentuça não me meto, que serve para a lavagem de algum.

Actualmente, o futebol português passa por dias de perigosa turbulência. Os dias da pandemia tiraram aos clubes receitas, nomeadamente, de bilheteira e de merchandising, que os faz repensar os investimentos e até reduzir os salários. Só o título ou os lugares cimeiros os podem safar de prejuízos incalculáveis e passivos aterradores. Acresce a isto que, se os presidentes fizerem um mau mandato podem não ser reeleitos, se os treinadores falharem os objectivos são despedidos, se os jogadores não cumprirem são dispensados.

Acontece, porém, que, se os árbitros, que hoje já são profissionais e ganham mais do que a maioria dos jogadores de clubes do meio da tabela classificativa, erram, nada lhes acontece, apesar de, com esses lapsos, poderem decidir campeonatos…e muito dinheiro.

A arbitragem vive num secretismo que já não se compreende. Sucede também que os presidentes têm um protagonismo que não se vê em mais nenhum país da Europa futebolística. E depois, a horda de adeptos, essa turba irracional, faz ameaças de morte, parte a montra das lojas que os árbitros têm, as paredes das sedes da FPF e da Liga de clubes são vandalizadas.

É, então, hora de o governo entrar em campo e pôr mão nesta malta que perdeu o juízo. E que deixe de ser complacente com estes energúmenos à solta.

Como? Não sei, não me pagam para isso. O que sei é que os governos são para governar e a tutela é para tutelar. E já sei muito…

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião