O Tio Sam veio repreender a Europa

Trump manda o delfim do Ohio, JD Vance, a uma cimeira com o líderes europeus para lhes puxar as orelhas, com desdém, balofo paternalismo, iliteracia e arrogância baseada no novo-riquismo a que os EUA há muito habituaram o mundo...

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  • 13:51 | Sábado, 15 de Fevereiro de 2025
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Novos tempos, novas eras, uma nova ordem mundial.

De um lado Trump, de outro o amigo Putin, dois neoimperialistas que querem crescer à custa dos países soberanos que invadiram ou querem invadir/anexar ou comprar.

Estes dois autocratas dão as mãos, do leste ao ocidente, sobre a Europa que querem controlar.


Trump manda o delfim do Ohio, JD Vance, a uma cimeira com o líderes europeus para lhes puxar as orelhas, com desdém, balofo paternalismo, iliteracia e arrogância baseada no novo-riquismo a que os EUA há muito habituaram o mundo, mas agora, saindo da sombra e com clara ingerência nas políticas de estados soberanos há muito despertados para a democracia – que aliás nasceu na antiga Grécia – fazendo críticas a torto e a esmo, num direito que não lhe assiste e revela, no fundo, a oligarquia cleptocrata que visa impor.

Ademais, JD Vance, vice-presidente dos EUA, veio à Conferência de Segurança, a Munique, para de seguida se ir encontrar com a candidata a chanceler da extrema-direita alemã Alice Weidel, numa bizarra amizade já implementada por Musk, lugartenente de Trump, o homem que compra tudo o que tuge ou muge por esse mundo fora.

Lições de democracia dadas por quem esteve atrás da tomada do Capitólio, por quem desrespeita todas as leis vigentes, por quem quer acabar com o poder judicial, por quem quer controlar a comunicação social … seriam anedóticas se não fossem tão despudoradamente trágicas.

Entretanto, Trump e Putin intentam traçar o destino da Ucrânia sem dar cavaco ao governo e ao povo ucraniano, assim como Trump e o acólito Netanyahu visam tornar a faixa de Gaza dos Palestinianos num resort de luxo norte-americano para veraneantes entediados e endinheirados. Ou Trump, “tout-seul” que pretende apossar-se do Panamá, da Gronelândia, do Canadá…

A Europa, nas dissidências que vem paulatina e internamente ostentando e numa inerte letargia em que, nas últimas décadas se tem instalado, criou as condições para que as garras rapaces das águias de leste e oeste a despedacem numa inaudita voracidade para a qual não estava preparada.

De longe, a China, atenta e silenciosa, de camarote, assiste ao espectáculo, deixando empanturrar esta turbamulta de arrivistas, capitães América e czares, deliciados no seu inesperado festim, aguardando pelo momento em que, nédios e inebriados pelo poder, serão presa fácil dos seus esfíngicos e tenebrosos desígnios.

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Publicado em Opinião