O tio Casmilio…

Depois da mesa posta com presunto, queijo, salpicão, pão e vinho, o meu avô virou-se para o amigo e disse: eu só como quando o filho que tens preso no quarto se sentar connosco à mesa.

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  • 8:04 | Sexta-feira, 24 de Maio de 2024
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Almoço com os meus contadores de histórias, palavra puxa palavra, conversa puxa conversa até que fomos cair no tio Casmilio!

O tio Casmilio foi durante dezenas de anos o portador do correio desde a Granginha até Alvite, fazendo ao mesmo tempo de transportador de recados entre as aldeias por onde passava nomeadamente Sever.

Um dia o tio Casmilio foi abordado por uma senhora desta terra que lhe pediu encarecidamente que dissesse ao tio António Domingos ( o meu avô paterno) para ir sem falta naquele dia a sua casa. O meu avô não se fez rogado, montou o seu cavalo e em três tempos chegou a casa desta mãe aflita que o informou que o marido tinha um dos filhos há quatro dias fechado num quarto, acrescentando que só ele poderia interceder junto do marido para tirar o filho do castigo.

Não tardou que o pai castigador chegasse a casa e ao ver o amigo António Domingos ordenou à mulher que colocasse a merenda para ele e para a visita. Depois da mesa posta com presunto, queijo, salpicão, pão e vinho, o meu avô virou-se para o amigo e disse: eu só como quando o filho que tens preso no quarto se sentar connosco à mesa. O pai ainda puxou das suas razões mas quando viu que não demovia o amigo, passou-lhe a chave para a mão e pediu-lhe: vai lá tu abrir a porta. O meu avô respondeu do alto da sua sabedoria: Não! Quem lhe fechou a porta é que lha vai abrir.


Um senhor este meu avô… 

 

(Foto Casa Museu de Alvite DR)

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Publicado em Opinião