Há um tempo para tudo. Até para os Andrés deste mundo. E alguns há que surfam a sua oportunidade com a excelência e eficácia de um Sebastian Steudtner, a vencer ondas na Nazaré.
Também é preciso pensar que estes surfistas da oportunidade não surgem por geração espontânea, antes sendo uma causa de efeitos vários, a montante, que lhes deram a prancha ideal para cavalgar.
Por discordar da forma de luta de alguns docentes, nas comemorações do 10 de Junho, na Régua, e por tê-lo escrito, fui apodado numa rede social de “porco do sistema”. Outro, veio com a conversa da liberdade de expressão artística, referindo-se aos cartazes empunhados na mini manif, sustentando-se com o “argumentário” do Charlie Hebdo…
Entretanto, quase 48 horas depois, um dos Andrés na berra, lá veio a público (perante a onda de repúdio) dizer que os cartazes e as camisolas com António Costa figurado em porco, com dois lápis espetados nos olhos, não pertencem à associação sindical que encabeça.
Entrevistado num canal de TV, ziguezagueou até dizer que o seu sindicato, que incomoda interesses poderosíssimos como o da “fuga aos impostos” (?) – e eu que julgava ser o sindicato de todos os professores – não se revê naqueles cartazes. Ufa!
Até parece que já apareceu um espontâneo a assumir a criativa autoria dos ditos. Mas quem os paga, afinal?
Tenho 40 anos de docência. Fiz as greves que entendi fazer e integrei as manifs que entendi, quando entendi e como entendi. Também eu pugnei por uma classe docente respeitada e com as suas justas reivindicações aceites.
Provavelmente e segundo alguns, serei um dos “porcos do sistema”. Talvez por não alinhar no monturo onde alguns têm o direito de refocilar…
Estes missionários, lutando para salvar a Nação e a classe, por certo já se salvaram a si próprios. Agora, só precisam de troar estrepitosamente com as trombetas da Verdade, da verdade deles, aquela que os tirou do anonimato e os plantou na crista da onda…