No actual cenário partidário e no contexto das eleições legislativas, o PS encontra-se perante a titânica tarefa de enfrentar sozinho todos os restantes partidos, unidos ou próximos, em blocos de oposição renhida.
O PSD tem consigo ao alcance de um aceno de Rio a direita que vai do CDS à IL e, possivelmente e se tal lhe servir os objectivos, ao próprio Chega.
Se Costa não obtiver uma maioria absoluta, a direita, congregar-se-á, como vimos no caso açoriano, para levar o PS ao tapete, com uma “geringonça II”, e a esquerda à esquerda, restringida aos seus 10% de previsíveis votos, fica a falar sozinha, carregando ainda o ónus da inviabilização do OE, que esteve nas suas mãos e que determinou a queda do governo e as eleições antecipadas.
Mas há outro problema que o PS tem para enfrentar. Com as eleições a menos de 30 dias, com a pandemia a expandir-se sem tréguas para já à vista, o PS corre o risco de ter significativa parte do seu eleitorado afastada das urnas. A quantificação deste cenário não é para já clara, só possível e, naturalmente, afectando também, em maior ou menor grau, as outras forças em contenda.
Ou seja, num cenário de múltiplas possibilidades, entre as quais não é despicienda a da vitória do PSD, por escassa margem de votos, que centripetará para si tudo à sua direita na tentativa de governação, o da vitória do PS sem maioria torná-lo-á refém da esquerda com a qual se desaveio, desta vez numa relação menos suportável, mais tensa e difícil.
O epílogo, tanto com uma vitória sem maioria do PS como do PSD, passaria por um pacto ou acordo entre os dois partidos, restando saber, nessa correlação de forças, qual deles ficaria à cabeça das hostes…
(Foto DR)