O pedinte

A pergunta assassina foi espontânea e o sorriso que acompanhou as mãos postas é o retrato do Portugal medíocre, que não aprende com os erros e falhanços e que alardeia entusiasmo quando lhe cheira a dinheiro de graça, ou perto disso.

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  • 9:30 | Quarta-feira, 14 de Julho de 2021
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“Já posso ir ao banco?”, é uma pergunta sem nível, sem classe, feita sem pudor. Mostra que o PM não tem sentido de humor, apenas jeito atabalhoado para graçolas inconvenientes. Por vezes, chega a ser deprimente.

Na presença de Ursula von der Leyen, que veio a Lisboa sinalizar a aprovação do PRR, deu a imagem de um triste pedinte, de alguém que só se preocupa com o subsidiozinho, de um sem-abrigo ansioso por uma esmola.

É a imagem do Portugal dependente, devedor, mais ocupado com os milhões que lhe vão cair na conta bancária do que propriamente com a forma como os aproveitar para tornar o país mais competitivo, mais empreendedor, mais moderno.

A pergunta assassina foi espontânea e o sorriso que acompanhou as mãos postas é o retrato do Portugal medíocre, que não aprende com os erros e falhanços e que alardeia entusiasmo quando lhe cheira a dinheiro de graça, ou perto disso.


Ficou-lhe mal, foi despropositado e não teve grafa nenhuma. Quase chorei de vergonha com a figura feita. Mais uns minutos e não resistiria à comoção.

PM fosse outro, e mais denso, e anunciaria logo ali reformas estruturantes e exequíveis, que alavancassem a economia de forma sustentável. Mas é o que temos. E temos pena.

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Publicado em Opinião