Muito embora saiba que só o deva fazer com os cotovelos, ainda assim, esfreguei os olhos, não fosse estar enganado com o que lia e, por esse motivo, fazer juízos precipitados e injustos.
No início, pareceu-me estar a viver um filme de horrores e espíritos. Contudo, para mal da humanidade, não estava enganado. Um deputado norueguês propôs o nome de Trump como candidato ao Nobel da Paz.
Depois do prometido muro na fronteira com o México, da saída dos EUA da OMS, dos discursos hostis contra as minorias, da expulsão de jornalistas inconvenientes das conferências de imprensa, do discurso truculento e boçal, da tolerância perante crimes de natureza racista, das traquinices no Médio Oriente, não era imaginável que alguém, no seu perfeito juízo, ousasse meter-se a caminho de tamanha imbecilidade. Terá o mundo ensandecido, caso esta proposta vier a obter ganho de causa. Mas, se por estreiteza de espírito ou permeabilidade a lobbies, esse cenário burlesco vier a concretizar-se, ilustres como James Carter, Yasser Arafat, Shimon Peres e outros, corarão de vergonha e voltarão ao mundo dos vivos, na esperança de o poder higienizar. Raios e coriscos tombarão sobre todos os que ainda empunharem a bandeira da dignidade.
Se o laureado vier a ser Trump, o prestigiado prémio deixará de fazer sentido e transformar-se-á numa anedota e num mau motivo para viagens de elites sem escrúpulos. Simplesmente por ter acolhido na sua egrégia galeria um político troglodita, insano, que só encontra réplica no homem de Neandertal, com quem os humanos modernos, compartilham 99.7% do seu DNA.