Há já alguns anos que penso só haver vantagens na limitação de mandatos para a Assembleia da República. Não sei precisar o tempo, mas, vagamente, aconteceu quando fui tomando nota dos cromos que se repetiam numa caderneta já gasta. Indicados pela máquina aparelhística, que trucida os descuidados com a hierarquia e a disciplina partidárias, autocontrolam-se e autoavaliam-se. E reproduzem-se, anos a fio, aumentam a prole com alguns novos, poucos, também escravos e submissos. A maioria ninguém os conhece, nada de relevante fizeram pela Pátria, mas lá continuam, às ordens e ao mando do capataz, e enquanto lhe forem úteis.
Incomoda-me um Deus assim, que enche de virtudes e dotes alguns protegidos e negligencia outros, a maioria. É desde aí que defendo a limitação de deputados para a AR, ao mesmo tempo que entendo que as candidaturas ao Parlamento também deviam estar abertas a independentes. Mas cada vez ando mais ao contrário da moda.
Logo aí, onde elas começavam a desafiar os grandes e a ganhar terreno. Amesendaram-se os donos da propriedade e puseram trancas à porta da fortaleza no fito de melhor a defenderem.
Afinal, a democracia tem amos. Sou muito ingénuo.
(Foto DR)