O padrão

Que, ao lombo da Covid, o diploma, em discussão na AR, pretendendo alterar as regras da contratação pública, acabava por facilitar o acesso a empreitadas e à atribuição de fundos comunitários, um mar deles à mão dos do costume.

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  • 14:26 | Sexta-feira, 09 de Outubro de 2020
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Foi um coro de protestos e um chorrilho de lamentos à boleia da não renovação da comissão de serviço de Vítor Caldeira, à frente do TC.

A “intelligentsia” política nacional içou bandeiras, reclamando da decisão que cheirava a assalto ao poder e a pilantragem.

Que, ao lombo da Covid, o diploma, em discussão na AR, pretendendo alterar as regras da contratação pública, acabava por facilitar o acesso a empreitadas e à atribuição de fundos comunitários, um mar deles à mão dos do costume.


Que dificultavam a concorrência e a transparência, que abriam portas ao conluio, padrinhos, esquemas, e, finalmente, proporcionava a chaga nacional, a corrupção.

Que o ex-presidente do TC pagou pelos relatórios incómodos e críticos que, a propósito, e impertinentemente, tinha assinado, reduzindo a pó as mudanças pretendidas.

Tudo certo, mas Costa apenas foi temporão na decisão. Não teve jeito no tempo do anúncio. Como sempre.

Valha a verdade que não há ninguém inocente neste desfile de amigos, não há registo de virgens nem debutantes na “passerelle” dos interesses. Todos, iguais no apetite, têm culpas no cartório, os que governam, os que governarão e os que se pelam por esse momento de glória. O erro de encherem a boca de republicanismo e descartarem ética, tornou-se um hábito nas elites que se alternam na governança.

À parte estes jogos florais, creio que ganhava o regime se todas as entidades fiscalizadoras e reguladoras fossem, de facto, independentes, o que passaria por um processo de nomeação mais refinado.

Até a democracia ficava mais decente.

Por estes deslizes e desmazelos está o regime na podridão que se vê.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião