Depois de umas férias de natal, passadas na Nave, há que voltar para Coimbra para fazer as duas disciplinas que me faltavam para terminar o curso.
Mal chego a casa vou à caixa do correio e tenho lá um Postal para me apresentar na Coordenação da Área Educativa de Coimbra (antigo CAE).
Só naquele momento me lembrei que tinha concorrido para dar aulas nos chamados Mini Concursos. Já era tarde e naquele dia não havia nada a fazer! Claro que passei a noite em branco.
No dia seguinte, bem cedo dirigi-me à escola José Falcão onde funcionava o CAE , mas fui informada que só abria às 9.30h. Meu Deus, como vou aguentar aqui uma hora à espera. Estava no átrio quando vejo uma vizinha com quem me dava bem e é claro que ela se dirigiu a mim por estranhar a minha presença naquele local! Contei-lhe o sucedido e falei-lhe da minha angústia por ter de aguentar ali uma hora. Ela sorriu, pediu-me o postal e disse-me para esperar um bocadinho! Cinco, seis minutos depois, voltou e informou-me que eu tinha sido colocada num horário de 13 horas na Escola Secundária D. Duarte e era lá que eu tinha que me apresentar.
Agradeci-lhe a ajuda e disponibilidade e imediatamente me dirigi para a praça da República para apanhar um autocarro para a Portagem, atravessei a ponte sobre o Mondego, contornei o Portugal dos Pequeninos e lá estou eu em frente daquela que foi a minha primeira Escola.
Com tudo isto eram mais de 11 horas! Como me apercebi que a parte informativa estava concluída perguntei-lhe quando é que começa, respondendo ela com um pronto JÁ. Já? Tinha uma aula às 11.30H… lá vão eu, de livro de ponto na mão e o livro do oitavo ano!
Esta turma era uma turma de repetentes que estava muito na moda naquela altura! Não era muito grande e isso agradou-me logo! Entrei, sentei-me e só me voltei a levantar da cadeira quando todos estavam em silêncio! Disse bom dia e fiz a apresentação do costume, assim como pedi que cada um deles se apresentasse obedecendo a determinados parâmetros.
A coisa estava a correr bem e não senti grande dificuldade em esticar a conversa para os ocupar durante uma hora! O pior veio depois! Quando me começaram a bombardear com perguntas: se já tinha dado aulas, donde era, que idade tinha, se era casada…
Respondi com a verdade a todas as questões menos a duas, acrescentei 4 anos à idade e disse que já trabalhava há sete anos! Não me parece que tenham engolido esta resposta até porque o inquiridor com ar de desconfiado comentou: sete anos, não parece! Toque de saída, que alívio!
Prova superada… dirigi-me à sala dos professores para colocar o livro e encontrei a Maria de Jesus que me perguntou: então como correu. Bem, respondi.
Acho que ela não acreditou…
Ondina Freixo