O Médio Oriente é um barril explosivo

Tentar compreender esta acção do 7 de Outubro, por mais razões históricas invocadas, antes e depois de 1947, é um intento que esbarra nos brutais meios usados e na mortandade provocada. E não está em causa a dual empatia pelos palestinianos ou pelos israelitas e suas causas. Com ela, o Hamas gerou um crescendo de animosidade mundial e de simpatia por Israel.

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  • 11:45 | Quinta-feira, 12 de Outubro de 2023
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O Egipto, parte da Turquia, o Iraque, o Irão, a Arábia Saudita, a Jordânia, o Líbano, a Síria, o Chipre… têm no seu epicentro Israel, a Palestina, a faixa de Gaza…. no seu todo, são 320 milhões de habitantes, maioritariamente árabes.

 


Desde 1947, logo após a IIª Guerra Mundial, a ONU deu o seu superavit à criação de dois estados, um palestiniano com 43% do território em partilha e outro judeu com os restantes 57%. Em 1948 os judeus criaram o Estado de Israel. Os palestinianos em total desacordo entraram em guerra. Com a sua derrota viram o seu território reduzido de 43 para 25%. Nunca mais houve paz…

O Hamas, Movimento de Resistência Islâmico, no dia 7 de Outubro deste ano, com o ataque surpresa a Israel, veio prestar um grande “favor” ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, fortemente contestado, interna e externamente, alvo de várias polémicas nos últimos anos, com profundas divisões no seu seio (a reforma judicial foi a gota de água), com apoios externos limitados.

O Hamas que internamente, na Palestina, se opõe ao Fatah, apregoa a luta armada, sem tréguas, contra Israel, com o objectivo da formação de um estado palestiniano independente que incluiria os territórios de Israel, da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

O mundo divide-se na apreciação do Hamas. De um lado estão aqueles que o consideram uma organização terrorista, como a União Europeia, Israel, Reino Unido, Canadá, Austrália, Japão, EUA… e do outro estão os que refutam essa caracterização: a Rússia, o Brasil, a África do Sul, o Iraque, o Irão…
O ataque terrorista surpresa do 7 de Outubro, vitimando milhares de israelitas, civis, crianças, mulheres e idosos, indiferenciadamente, mostrou ao mundo a parte mais tenebrosa do braço armado do Hamas. Uniu todos os israelitas desavindos e gerou uma contraofensiva brutal, dizimando centenas de palestinianos civis e militares, crianças, mulheres e idosos. Arrasou aldeias e cidades e hoje, com o exército israelita cerrado em torno da Faixa de Gaza, provocou um bloqueio sem precedentes, sitiando os seus quase dois milhões de habitantes, privando-os de água, electricidade, combustíveis, alimentos, bens essenciais e cuidados hospitalares, no entretanto decorrendo incessante o bilateral bombardeamento entre os dois opositores.

Fazendo fronteira com o Egipto, este país fechou as fronteiras à fuga dos palestinianos. O Mediterrâneo, por seu turno, está fortemente controlado. Os EUA já enviaram porta-aviões com mais de 5 mil soldados para o local.

 

Tentar compreender esta acção do 7 de Outubro, por mais razões históricas invocadas, antes e depois de 1947, é um intento que esbarra nos brutais meios usados e na mortandade provocada. E não está em causa a dual empatia pelos palestinianos ou pelos israelitas e suas causas. Com ela, o Hamas gerou um crescendo de animosidade mundial e de simpatia por Israel. Desviou a atenção da invasão Russa da Ucrânia. Dividiu os apoios militares a este país, deixando Putin a esfregar as mãos de contente.

Em Portugal, partidos políticos de esquerda, ideologicamente congelados no férreo e feroz ideal estalinista de 3 décadas (1922-1952), aqueles que nunca ergueram vozes para condenar a invasão da Ucrânia, não conseguem ter voz para criticar o acto terrorista do Hamas, antes parecendo neles se reverem com um despudor inquietante.

E não basta agora condenar a retaliação israelita, também ela manchada com o terror da sua amplitude, é fundamental ter presente de que lado partiu a barbárie… independentemente de todas as razões históricas sub e sobrejacentes ao brutal e inqualificável acto.

 

(Fotos DR)

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Publicado em Opinião