O Lagom Sueco e a Quarentena Portuguesa

Portugal e a Suécia têm praticamente o mesmo número de população, cerca de 10 milhões de habitantes. No dia de hoje, 10 de abril, o número de óbitos registado na Suécia é exatamente o dobro daqueles que estão registados em Portugal.

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  • 22:08 | Sexta-feira, 10 de Abril de 2020
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Portugal e a Suécia têm praticamente o mesmo número de população, cerca de 10 milhões de habitantes. Decidi escolher a Suécia para comparar com Portugal, quer por esse facto – relevante para comparar o que é comparável – quer ainda porque a Suécia, ao contrário de Portugal, decidiu deixar ao livre arbítrio dos seus cidadãos a melhor opção de atuação perante a Pandemia do Covid 19. O termo Lagom, traduz um dos princípios fundamentais que norteia a mentalidade dos Suecos, permitindo que cada um faça o que entende ser o mais equilibrado apelando à responsabilidade dos seus cidadãos nas suas ações. Foi essa a opção do Governo sueco na gestão da crise.

Preferi estabelecer as comparações entre os dois modelos de atuação a partir de dados da taxa de mortalidade por COVID 19 em função da população e não em função do número de infetados, uma vez que este indicador nem sempre tem merecido um elevado grau de confiança na sua medição e implementação.

Assim, se olharmos para o gráfico de evolução do número de óbitos em termos absolutos – em cada um dos países – resultado desta Pandemia, verificamos que no início desta série de dados, havia uma proximidade, diria mesmo sobreposição entre a mortalidade registada nos dois países, cerca de 100 pessoas, no dia 28 de março. Nessa data a Suécia registava apenas mais 5 óbitos comparativamente a Portugal, sendo mesmo, que no dia seguinte Portugal tinha um valor de mais 9 óbitos.


Desde essa data não mais voltou a existir qualquer aproximação de valores, verificando-se um crescimento cada vez mais acelerado do número de óbitos registados na Suécia face aquilo que estava a acontecer no nosso País. No dia de hoje, 10 de abril, o número de óbitos registado na Suécia é exatamente o dobro daqueles que estão registados em Portugal. Em 28 de março os dois países registavam um valor de 0.9 óbitos por cada 100 000 habitantes. A 10 de Abril Portugal regista 4,23 e a Suécia 8,55, isto é, mais do dobro.

O que terá acontecido, então, para o agravamento tão grande, desta diferença, em tão curto espaço de tempo?

Parece-me claro que tal discrepância de valores é o resultado direto do fracasso da opção sueca de não ter optado por tomar atempadamente medidas mais restritivas como aquelas que Portugal tomou: Estado de Emergência; Fecho das Escolas; Fecho de Centros Comerciais; Fecho de Serviços Públicos; Implementação de teletrabalho; Limitação de Circulação; Encerramento de Fronteiras e a Quarentena Obrigatória.

A tal opção do “fique em casa” limitando o confinamento e incentivando o isolamento social, que temos estado a viver, parece estar a ser uma boa resposta e por muito que custe a todos nesta fase, parece não existir alternativa mais segura.

Abraço e saúde.

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