O engasgamento de Almeida Henriques e o cucar do cuco
Estes indivíduos, a assim agirem, arriscam-se a deixar uma má imagem do Poder Local, e embora todos saibamos que dois pinheiritos não fazem o pinheiral, mostram uma boçalidade “pires” que só é agravada pela ausência de resposta límpida ao inquirido.
Para António Almeida Henriques a Democracia quase parece assentar numa titubeante autocracia, numa desajustada arrogância, numa pífia retórica e num humor de pacotilha.
O vídeo da última reunião do executivo camarário viseense assim o indicia. Questionado pelo vereador do PS Pedro Baila Antunes sobre certas eventuais irregularidades que decorreriam na Viseu Marca, veio o seu director/vereador, homenzinho culto e palavroso, invocar a despreceito “crocodilos” na intervenção em causa. Ele lá saberá do que fala.
Estes indivíduos, a assim agirem, arriscam-se a deixar uma má imagem do Poder Local, e embora todos saibamos que dois pinheiritos não fazem o pinheiral, acabam por patentear uma boçalidade “pires” que só é agravada pela ausência de resposta límpida e inequívoca ao inquirido.
Ou seja, quando confrontados com questões para as quais não têm ou não querem ter resposta, enervam-se e deixam da boca brotar “engasgamentos”, em discursos falhados e dando razão a R. Barthes, para quem “A fala é irreversível, é essa a sua fatalidade. O que foi dito não se pode emendar, salvo se for aumentado: corrigir é, aqui estranhamente acrescentar. (…) A esta singular anulação por acrescentamento chamarei ‘engasgamento’. O engasgamento é uma mensagem duas vezes falhada…”
E foi o que aconteceu, um acto que se queria de fina ironia (?) redundou num engasgamento grosseiro a evidenciar um desnorte de fim de linha, ou uma agonia estertorada…
Ao leitor cabe ver o filmezinho e ficar naquilo que lhe parece.