Tomo, habitualmente, o frugal pequeno-almoço, em casa. Uma chávena de chá, um papo-seco com compotas ou mel, que os lácteos agoniam-me, e uma peça de fruta não ácida, que desde que tirei a vesícula a “coisa” e o trânsito não marcham bem. E defendo intransigentemente a coesão social como condição para uma sociedade mais equilibrada e justa, com menos desprotegidos, excluídos e precários.
Mas o que tem a ver uma coisa com a outra? O traço comum é que também gosto de torradas em pão-de-forma, especialmente da fatia do meio, bem barradas com manteiga, iguais às magníficas e gulosas que os empregados da Pastelaria Santos, rigorosamente enfarpelados, serviam. Mas não as trinco no café.
Posto isto, importa-me que um dos instrumentos avançados para a coesão, o RSI, beneficie quem, de facto, não tem outra forma de sobreviver, segundo os padrões da dignidade humana.
Quero o RSI como uma bengala que apoia nos desequilíbrios e não uma sombra onde se dorme a sesta, como se o amanhã não preocupe. Quero um retorno. Tipo, a sociedade ajuda, mas tu tens de trabalhar enquanto te auxiliamos. Quero os beneficiários ocupados, como contrapartida ao esforço solidário da sociedade. Que, até arranjarem trabalho, estejam ocupados nos serviços públicos, que há muito que fazer, mesmo fazendo calos e estragando as unhas. Sempre pouparia o Estado em algumas contratações dispensáveis ou adiáveis. E que não tenham de esperar, em casa, por ofertas de emprego, que, às vezes, não há. Não quero um RSI que promova e alimente expedientes e esquemas. Quero um Estado que regule com critério e justiça. Quero um Estado que fiscalize com firmeza e igualdade. Quero um Estado que seja mais rigoroso na identificação dos beneficiários para poder ser mais criterioso e “bondoso” nos montantes a atribuir.
Tudo o que não seja isso, é gozar com o pagode. Ou numa versão mais “cool”, é gozar com quem trabalha.