Em 2019, Costa dizia que os portugueses tinham más memórias das maiorias absolutas do PSD e do PS. E não a pediu.
Há poucos dias, diabolizou a maioria absoluta de Cavaco Silva, metendo a de Sócrates, e de que foi ministro proeminente, num bolso.
Mais recentemente, passou a pedir, preto no branco, a maioria absoluta para poder governar com estabilidade. “Eu quero uma maioria absoluta”, disse, já na pré-campanha.
Acontece que Costa está cansado da governação e, como todos os cansados, perdeu a paciência. Perdeu a paciência para as entradas, para o diálogo, para as negociações, para as cedências, para a sobremesa. E quer governar sozinho. A seu bel-prazer. Por isso, desespera pela maioria, que antes exorcizara, sabendo que, na actual conjuntura, sem ela não será ele. Ele e outros sempre a quiseram para, depois de sufragados democraticamente, imporem uma ditadura de programa e de figurões.
A maioria absoluta de um só partido é um abcesso na democracia. Pensem bem nisso os que acreditam que a maioria é condição de governabilidade democrática. Não é!
Com mais uns anos no poder, e com maioria absoluta, Costa estará como Salazar, que pouco reunia o Conselho de Ministros, decidindo sozinho e despachando com cada ministro, individualmente.
Costuma dizer-se que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo, e é bem verdade.