O homem é artista. O que desenha tem qualidade e irreverência no traço. Porém, tematicamente é um pouco repetitivo. Privilegiando os membros do governo e pessoas afectas ao PS, faz a excepção com um cartoon de Cotrim de Figueiredo, coleira burbury’s ao pescoço e focinho de gato, focinho que repete também com a ex-ministra da saúde, Marta Temido.
Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, é desenhado como sangrento e tenebroso vampiro. O ministro da educação vê um olho perfurado. Costa é representado por mais que uma vez com focinho de porco ou de carneiro, e ora com uma bazuca na cabeça, ora com os dois olhos furados. Pedro Nuno Santos é alvo de uma trepanação craniana por uma aeronave. Marcelo, em mais do que um cartoon aparece com o rosto e o nariz colorido com um rosado de alcoólico.
O professor-artista, nas suas isotópicas zoomorfias, gatos, porcos, ovelhas, simbolicamente farpeando-os nos olhos, tem alvos politicamente bem definidos e, por omissão, pretere, por exemplo o líder do Chega, a líder do BE, o líder do PSD… eventualmente por não serem relevantes para os seus critérios artísticos.
A “arte” é subjectiva e cada um a interpretará, se não for tão objectivamente realista, segundo aquilo que tem na própria cabeça.
Numas declarações a uma tv, o professor-artista, à laia de justificação da sua “arte”, embrulhou-se numa retórica pedante que lhe desmereceu o estilo.
Agora que se tornou famoso e que viu as luzes da ribalta a iluminá-lo, será provavelmente contratado por um quotidiano, revista ou semanário top, deixando de desenhar para sindicatos, que, decerto, serão menos reconhecidos.