Começaram as aulas para 1.300.000 alunos dos ensinos básico e secundário. Começaram mal com 80.000 alunos sem professores pelo menos a uma disciplina, mais de 1.000 horários por completar, e com os sindicatos, que já anunciam greves para as próximas semanas, num braço de ferro com o ministério.
Lisboa, Setúbal e Algarve são as regiões do país com mais falta de professores, situação indesejável que coloca em causa a expectável aprendizagem dos alunos. A falta de planeamento permitiu que se chegasse a esta situação de carência em alguns grupos disciplinares, e o irónico está em que há anos, não muitos, no tempo da “Troika”, houve quem, com responsabilidades governativas, dissesse que havia professores a mais.
A recuperação do tempo de serviço, a integração nos quadros de milhares de docentes há anos em situação de precariedade, o fim das quotas e a desburocratização de parte significativa do trabalho profissional são questões nucleares para o fim da luta dos professores e a pacificação das escolas, com a desejada normalização do funcionamento do ano lectivo.
Nas condições esgotantes e frustrantes em que trabalham, sem grandes perspectivas de uma progressão justa, ser-se professor é cada vez mais uma vocação, infelizmente derrotada pelas circunstâncias. Para o bem dos alunos e respectivas famílias e para que os professores se vejam recompensados, importa que estes vejam pelo menos parte das suas reivindicações satisfeitas.