Nuno Crato e as medidas trágicas para a educação
Depois de trinta e dois meses deste governo estar em funções já podemos fazer um balanço muito consistente sobre a sua linha de atuação no que à educação concerne. E trágico é o adjetivo que melhor qualifica o desempenho de Nuno Crato à frente dos destinos da educação. Desempenho trágico e perverso para o serviço […]
Depois de trinta e dois meses deste governo estar em funções já podemos fazer um balanço muito consistente sobre a sua linha de atuação no que à educação concerne.
E trágico é o adjetivo que melhor qualifica o desempenho de Nuno Crato à frente dos destinos da educação.
Desempenho trágico e perverso para o serviço público de educação e para a escola pública. Portanto, uma tragédia para a educação e para a qualificação dos portugueses.
Com este governo a escola pública está menos inclusiva, é segregadora e é reprodutora das desigualdades sociais. É uma escola pobre para pobres.
E não se pense que isto são abstrações!
Isto são problemas concretos que atravessam todo o sistema educativo.
No ensino básico e secundário desqualificou-se a relação pedagógica, aumentou-se o número de alunos por turma, estreitou-se o currículo e assistimos a cortes inadmissíveis nos recursos materiais e humanos para a educação especial. E nesta matéria, para além disso, agora o governo está a cortar o subsídio de educação especial às crianças com deficiência e com dificuldades socioeconómicas.
Também ninguém percebeu em qual estudo, nacional ou internacional, Nuno Crato se baseou para alterar os programas. E que dizer das metas curriculares?
É que os estudos internacionais que se conhecem (PISA, TIMMS ou PIRLS) disseram que estávamos no bom caminho e que subimos, comparativamente com os países “inspiradores” do cheque ensino.
Portanto, as mudanças deste governo têm a ver com uma clara opção ideológica por uma escola elitista e precocemente seletiva dos alunos.
Mas também podemos falar da formação e da qualificação dos adultos. Aí cometeu-se um verdadeiro crime. Extinguiram-se os CNO vai para dois anos e deixaram-se milhares e milhares de portugueses sem qualquer resposta. Ainda hoje os CQEP não estão operacionalizados.
Quanto aos professores as coisas também estão pelas ruas da amargura. O desemprego docente aumentou e a precariedade continua sem qualquer resposta.
Mas no ensino superior a situação é, igualmente, caótica. As universidades e os politécnicos não são respeitados pela tutela e os orçamentos são insuficientes para fazerem face às despesas obrigatórias.
E, finalmente, o sistema científico vive tempos de um completo experimentalismo. Fazem-se cortes monstruosos no número de bolsas em nome de um novo paradigma que ninguém conhece e agora vem-se tentar remediar a situação acenando com mais meia dúzia de bolsas.
Trágico é pois o adjetivo que melhor qualifica o desempenho de Nuno Crato e do governo nestes quase três anos de mandato.
Novas políticas precisam-se!