No futebol europeu Portugal não é uma “Ilha de Pinguins”

É para aí que nos leva a corte de clubes de contas depauperadas pela COVID-19. Querem safar a pele, seja à custa de quem for. Não temos que fazer o papel descrito por Anatole France, “Ilha dos Pinguins”, na União Europeia.

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  • 12:27 | Terça-feira, 20 de Abril de 2021
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Portugal não é uma “ilha de pinguins” como nos querem etiquetar os “senhores donos” do futebol, associados nas grandes financeiras, como JP Morgan, que viram as suas contas financeiras dilaceradas pela pandemia COVID-19.

Vale recordar aos “eurocratas do futebol” uma frase de Vitorino Nemésio, dita num programa televisivo “Se bem me lembro” e que rezava assim: “Já São Paulo falou na cisão do átomo”. Vinda de quem veio soou a provocação intelectual, em que Nemésio era exímio. A controvérsia não alterava a realidade: o apóstolo S. Paulo não podia ter falado da cisão, o átomo era desconhecido no seu tempo.

E se lembramos este acontecimento é para nos referimos ao facto de o primeiro-ministro, António Costa, em resposta a recapitalização da CGD e as dificuldades que a Comissão Europeia podia levantar, ter dito: “Bater-nos-emos em todas as instâncias europeias” pela “interpretação do direito de concorrência europeu”, tal como pode vir a acontecer com uma Superliga Europeia de Futebol.

E esta disposição pode alterar a leitura que temos da realidade europeia. Se a política oficial era aceitar com atitude cabisbaixa, hoje, temos um Primeiro-ministro disposto a defender Portugal e os outros europeus a ser parte inteira da União Europeia.


Convém frisar que não somos uma “ilha de Pinguins” na Europa. A “Ilha dos Pinguins”, escrita há mais de cem anos por Anatole France a que nos referimos, era uma parábola da história da “civilização pinguínia” contaminada pelo gérmen das conflitualidades (1914).

Na maior cidade da Ilha viviam cerca de 15 milhões de homens que trabalhavam à luz das lanternas devido à poluição provocada pelas fábricas e “o Estado assentava firmemente em duas virtudes públicas: o respeito pelo rico e o desprezo pelo pobre.” O destino dessa sociabilização submetida por interesses materiais foi a autodestruição.

É para aí que nos leva a corte de clubes de contas depauperadas pela COVID-19. Querem safar a pele, seja à custa de quem for. Não temos que fazer o papel descrito por Anatole France, “Ilha dos Pinguins”, na União Europeia.

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Publicado em Opinião