Este “jardim da Europa à beira-mar plantado”, como lhe chamou Tomás Ribeiro, em 1862, está num estado de necessidade de investimento, apesar de ser o país europeu com a maior zona económica marítima exclusiva.
Jamais terá sonhado na relevância da sua definição para a compreensão da complexidade do papel de Portugal no Mundo nos últimos 150 anos. O “laranjal em flor sempre odorante” e os seus pomares, como dizia o poeta de Parada de Gonta, foram arruinados por uma política agrícola comum com os agricultores subsidiados até à extinção: acabaram dizimados pelas dívidas e, com elas, o património natural e cultural.
Apesar da nossa dimensão territorial temos mais casas vazias (735.000) do que o Reino Unido (700.000) ou que a Alemanha, quatro vezes maior. Chegamos à conclusão, recorrendo as estatísticas, de que existem 12 milhões de casas vazias em Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia, Irlanda, Reino Unido e Alemanha, quando há 4 milhões de sem-abrigo na União Europeia.
As Câmaras Municipais que alicerçaram o seu equilíbrio financeiro nas receitas da construção e do imobiliário caíram em situação de descalabro. Saíram goradas as esperanças. As Câmaras ao verem as receitas diminuírem entre 50 a 80 por cento ficaram sem saber como pagar as dívidas contraídas no tempo em que se pensava que as vacas eram gordas e assim iriam continuar.
O Fundo de Apoio Municipal e a dita “bazuca europeia” surgem hoje como as tábuas de salvação. É bom que avancem para que as Câmaras Municipais possam cumprir e assumirem-se como agentes de desenvolvimento local.
Num breve parêntesis não resisto a apelar aos futuros autarcas que ainda continuam a falar em “mega-projetos”, sem se dar conta da atualidade, como tivemos exemplos, como os da linha ferroviária “Aveiro – Viseu – Vilar Formoso”.