A plantação de novas áreas florestais ou a rearborização de áreas ardidas está sujeita a uma autorização quando a superfície for superior a dois hectares.
Após os incêndios a proliferação dos eucaliptais e os riscos de erosão dos solos agravaram-se com a entrega da floresta a espécies de crescimento rápido, à custa do desenvolvimento sustentável, com os riscos inerentes. Plantar árvores de crescimento lento significa estar a pensar no futuro, na sustentabilidade intergeracional da área agro-florestal como fonte de riqueza local, regional e nacional. Daí que não seja de espantar a inclusão no acesso aos fundos comunitários agrícolas/silvícolas, na recomposição do tecido florestal e não só plantar eucaliptos, em monocultura.
Este tipo de decisões são, aliás, mais incómodas nas regiões que já foram atingidas, anos atrás, pela total destruição provocada pelas sucessivas vagas de incêndios florestais, por via dos eucaliptais crescerem a esmo, à frente dos autarcas, e não estarem limpos ou cercados por áreas “tampão” agrícolas ou de espécies de combustão lenta como o castanheiro, sobreiro, carvalho, etc.
Os eucaliptos, estranhamente ou talvez não, continuam a dominar a nossa paisagem, na plantação ou a replantação das áreas ardidas. Nada que não fosse previsível, quando os financiamentos comunitários na silvicultura não chegam para melhorar a atratividade e fixar as populações nas regiões do Interior ao proceder à rearborizaçao das zonas agroflorestais.
Sabe-se que a exportação de papel representa cerca de 5% do total das exportações. A principal exportadora fatura mais de 1,5 mil milhões de euros. Aliás, a capacidade produtiva nacional instalada até faz com que Portugal tenha que importar matéria-prima.
Os nossos agricultores são elogiados pela abnegação e resiliência, mas ninguém quer pagar os custos sociais inerentes, para as pessoas se manterem nos locais onde vivem a cuidar da riqueza agro-florestal, a afirmar a importância da biodiversidade e dos ecossistemas.
Vivemos num país prenhe de conceitos como empreendedorismo, projetos integrados, quando um dos problemas maior é a sobrevivência num quadro de isolamento dos agricultores, longe dos fundos agrícolas, porque os euros vão parar aos bolsos dos mesmos, os tais habilidosos que sabem preencher os papéis das candidaturas. Impingiram-nos um modelo económico de folha caduca… refém do nemátodo.
Estamos inundados daqueles ninhos de “vespas asiáticas” e de «start-ups», espalhadas por este imenso eucaliptal… mas sem gente para lhes dar o devido suporte, por abandono, a que urge pôr cobro, isto se antes não se inverterem as políticas públicas e comunitárias, viradas para apoiar o nosso mundo rural.