Natal é vida.
Não nos podemos esquecer que o verdadeiro significado de Natal se prende com o nascimento de Cristo, descrito na Bíblia, nos evangelhos de Mateus e Lucas (17,2; Apocalipse 1,16). Mas será que em pleno séc. XXI, compreendemos o verdadeiro sentido da vinda de Cristo ao mundo? Nesta quadra festiva em que se fazem balanços, se enaltece […]
Não nos podemos esquecer que o verdadeiro significado de Natal se prende com o nascimento de Cristo, descrito na Bíblia, nos evangelhos de Mateus e Lucas (17,2; Apocalipse 1,16). Mas será que em pleno séc. XXI, compreendemos o verdadeiro sentido da vinda de Cristo ao mundo?
Nesta quadra festiva em que se fazem balanços, se enaltece a vida, os direitos humanos e os valores pró-família, julgamos oportuno lembrar que no passado dia 12 deste mês de Dezembro, o parlamento europeu reprovou a proposta da euro-deputada portuguesa Edite Estrela, do grupo socialista, que recomendava que todos os países da União Europeia incluíssem o aborto na lista dos direitos humanos. Felizmente que tal relatório foi chumbado (334 votos contra, 327 a favor e 35 abstenções), pois colocava em perigo o direito à vida e a objeção de consciência. Como se não bastasse, a classe política brinca com milhares de milhões, desviados dos impostos de todos os que, pelo silêncio, indiferença e medo se tornam cúmplices da impunidade e de interesses ocultos na austeridade que consome os mais vulneráveis, as famílias e as pequenas empresas que se sentem impotentes perante a falácia indecente de “boa governação”.
Para que o amanhã ainda faça sentido é relevante dar sentido genuíno ao Natal, invertendo este paradigma de consumo imediato que nos consome. É chegado o momento de saber dizer não ao sistema formatado por uma estratégia especulativa e ao conluio de poderes que nos transforma em Homo Capitalis.
Mas, assumir o risco do inconformismo implica aprender a dizer não, percebendo que precisamos mudar inevitavelmente os padrões alienantes de consumo material e imaterial, abandonando constrangimentos armadilhados e libertando-nos da cilada consumista que tanto agrada aos especuladores sem escrúpulos, que não raras vezes se fazem representar nos poderes desta nossa República “das bananas”.
É, pois, necessário sair da zona de conforto, dizendo não à falaciosa democracia com que somos obrigados a conviver. Afinal de contas, o Natal também deve servir para a tomada de consciência colectiva e restaurar o verdadeiro significado da vida, denunciando hipocrisias obscuras alicerçadas no endividamento público que nos empobrece também imaterialmente e nos faz pactuar com charlatães de um sistema que nos condena a todos, nos piores crimes silenciosos de que há memória.
Natal significa vida. Nunca a satisfação imediata.