Mesmo num país de alheados, ninguém ignora quanto os políticos apreciam ser alvo do incensamento da comunicação social.
A menos, naturalmente, quando por qualquer falta à missa dominical, estão a ser detidos para averiguações pela PJ, a mando do MP.
Ainda assim, há uma linha que nunca deveria ser transposta, no afã protagonístico, nomeadamente quando os políticos, em caso de tragédia, calamidade ou cataclismo, surgem no balanço da situação para se porem à frente das câmeras de filmar ou fotografar, a jeito de captar a imagem de circunstância que, minutos depois, se torna viral, nas redes sociais, com milhares de visualizações e em todos os canais televisivos perante milhões de telespectadores.
Há também, contra o impulso mais básico e populista de liderarem os mais funestos acontecimentos, para além de uma eventual mensagem de conforto e solidariedade para com as vítimas e as populações, o oportunismo da desgraça, ao jeito de certas estações de tv, só para aumentar o “share”, ou no caso, o grau de popularidade do post-protagonista.
O presidente da República anunciou que vai à Madeira visitar as áreas consumidas pelo último fogo. Luís Albuquerque, afirma que não sabe o que ele lá vai fazer, declarando-o, assim, persona non grata.
Sabemos que o provérbio “Preso por ter cão, preso por não ter”, pode ser invocado, mas, de facto, uma presença discreta, longe das objectivas, ficar-lhe-ia bem melhor.
Marcelo, por seu turno, atrás de Montenegro, ainda terá pensado em dar um dos seus habituais mergulhos – Douro ou Tejo tanto vale – mas ter-lhe-á ocorrido que não levara o “maillot”. Isso sim, seria a cereja no topo do bolo. Fica para a próxima…
Na tragédia, o recato e o pudor são adereços assisados.
O Marquês de Pombal reconstruiu a Baixa lisboeta dentro do seu gabinete, em 1755.
(Foto DR)